Medicamento para o sono e ansiedade mata mais do que cocaína, diz estudo

A OMS e cientistas da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, alertaram que fármacos com o composto benzodiazepina causam abstinência e dependência.

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Liliana Lopes Monteiro
28/10/2019 21:01 ‧ 28/10/2019 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Medicação contra insónias

A toma frequente e indiscriminada de comprimidos para o sono e ansiedade causa um maior risco de morte do que o uso de drogas como cocaína e heroína. A conclusão é de duas pesquisas publicadas no periódico científico American Journal of Public Health.

De acordo com os investigadores há um componente em especial que representa perigo para a saúde: a benzodiazepina (BZD). O primeiro estudo, da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), de Vancouver, no Canadá, mostrou que o consumo excessivo de benzodiazepinas causa risco de morte 1,86 vezes maior do que o uso de drogas ilegais.

O levantamento foi realizado com 2802 participantes que tomavam benzodiazepinas, entrevistados semestralmente durante cinco anos e meio. No final do estudo, 18,8% dos indivíduos que compunham o grupo morreram. Os académicos observaram que mesmo depois de isolar outros fatores, como o uso de drogas ilegais e comportamentos de alto risco, a taxa de mortalidade permaneceu alta entre os que utilizavam o composto.

Um segundo estudo realizado com uma parte menor do mesmo grupo examinou a ligação entre o uso de benzodiazepina e a infeção por hepatite C, e descobriram que a taxa de infeção foi 1,67 vezes maior entre os que usaram fármacos à base do composto.

“O interessante sobre estas descobertas é que é uma droga prescrita e as pessoas pensam que estão seguras. Mas, provavelmente, estamos a prescrever essas drogas de uma forma excessiva e que por sua vez está a causar danos”, disse o cientista Keith Ahamad ao jornal Vancouver Sun.

Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a benzodiazepina só deve ser prescrita para tratar “ansiedade ou insónias graves, incapacitantes, que causem angústia extrema”. A entidade recomenda que os médicos levem em conta que o composto causa dependência e síndrome de abstinência – por isso, deve ser usada numa dose eficaz mínima e durante o menor tempo possível.

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