A mulher havia recorrido a uma clínica de dermatologia com queixas de dores e de comichão nas palmas das mãos, que apresentavam a característica inusitada de 'mãos aveludadas'. Sintomas esses que já a acompanhavam há nove meses.
Os médicos notaram que as palmas pareciam feitas de 'veludo' e apresentavam ainda linhas mais nítidas do que o normal. De acordo com o portal Terra, o que a mulher não esperava é que o problema ia de facto muito além de uma doença de pele. O nome da (rara) condição é queratodermia palmoplantar ou acantose nigricans da palma, que está relacionada à presença de tumores malignos no organismo.
Cancro do pulmão por conta de mãos aveludadas
A característica muito singular da queratodermia palmoplantar, também chamada de ceratodermia palmoplantar, é o espessamento anormal das palmas das mãos e/ou nas solas dos pés. É considerada uma condição raríssima, mesmo entre os pacientes com cancro.
De acordo com a DermNet NZ, entidade que realiza pesquisas sobre a pele, cerca de 90% da incidência da queratodermia está relacionada à presença de tumores malignos no pulmão e/ou no estômago. E um terço dos casos pode desaparecer após o tratamento do cancro.
Outras sintomas notados na paciente, e que são muito comuns em pessoas com cancro do pulmão incluíam tosse persistente e perda súbita e inexplicável de peso (de 5 kg em apenas quatro meses).
O cancro do pulmão da mulher de 'mãos aveludadas' não regrediu mesmo após radioterapia e quimioterapia durante seis meses. A paciente iniciou um novo regime de quimioterapia com outros medicamentos. O caso está atualmente a ser investigado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e foi publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine.