Um estudo realizado por 24 investigadores de universidades de seis países diferentes baseado em registos médicos de 195 nações, e encomendado pela OMS, aponta que 11 milhões de pessoas morrem anualmente por causa de septicemia, valor superior a mortes por cancro ou por doenças cardiovasculares.
Os investigadores alertam que os números apurados são "alarmantes", já que são o dobro das estimativas apuradas anteriormente, conforme relata a BBC News.
'Assassina silenciosa'
A sépsis ou septicemia é também apelidada de ‘assassina silenciosa’, isto por ser de difícil diagnóstico. Trata-se de uma resposta sistémica do organismo a uma infeção, que pode ser provocada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários.
Como explica a BBC, geralmente o sistema imunológico entra em ação para atacar a infeção e impedir a sua propagação. Contudo, nos casos de sépsis esta consegue avançar pelo corpo, fazendo com que as defesas do organismo lancem uma resposta inflamatória sistémica na tentativa de combatê-la e o sistema imunológico entra em colapso porque, ao combater a infeção, acaba por atacar outras partes do próprio corpo.
Em última instância causa falência de órgãos, e os sobreviventes podem ter graves sequelas. Quando não diagnosticada e tratada rapidamente, pode comprometer o funcionamento de um ou vários órgãos do paciente e levar à morte.
Qualquer processo infeccioso, seja uma pneumonia ou infeção urinária, por exemplo, pode evoluir para um quadro de sépsis.
Por que os números de septicemia não páram de subir?
Estimativas globais anteriores, que chegavam a 19 milhões de casos e cinco milhões de mortes por ano, tinham como amostra somente alguns países ocidentais. Todavia, e de acordo com a BBC, a análise da Universidade de Washington, publicada na revista científica Lancet e baseada em registos médicos de 195 nações, relata 49 milhões de casos por ano.
As 11 milhões de mortes por sépsis representam um em cada cinco mortos ao redor do mundo.
"Trabalhei na zona rural do Uganda e vemos casos de sépsis diariamente", diz a investigadora e professora-assistente Kristina Rudd, da Universidade de Pittsburgh, à publicação.
O que tem de ser feito
A redução do número de infeções pode levar à redução do número de casos de sépsis.
Para muitos países, sobretudo nações empobrecidas e em vias de desenvolvimento, tal é sinónimo de melhor saneamento básico, água limpa e acesso a vacinas.
Adicionalmente, o diagnóstico e tratamento precoce com antibióticos ou antivirais para eliminar a infeção pode fazer uma grande diferença.
"Precisamos renovar o foco na prevenção da sépsis entre recém-nascidos e no combate à resistência aos antibióticos, um fator importante dessa patologia", sublinhou à BBC Mohsen Naghavi, investigador da Universidade de Washington.
Sintomas
A organização britânica UK Sepsis Trust, que se dedica a informar sobre a doença e a ajudar pacientes, aponta aqueles que são os principais sintomas da sépsis:
- Fala comprometida, arrastada ou tonturas;
- Tremores extremos ou dores musculares;
- Baixa produção de urina (passar um dia sem urinar);
- Falta de ar grave;
- Pele manchada ou pálida;
- Confusão mental ou, em alguns casos, perda de consciência;
- Diarreia, enjoos ou vómitos.
Já os sintomas em crianças pequenas incluem:
- Aparência manchada, azulada ou pálida;
- Muito letárgico ou com dificuldade para acordar;
- Pele demasiado fria;
- Respiração acelerada;
- Manchas cutâneas que não desaparecem quando são pressionadas;
- Convulsões.