De acordo com um levantamento realizado pelo Sistema Nacional de Saúde Britânico (NHS), 60% dos pacientes nos cuidados intensivos (CI) infetados com o novo coronavírus sofrem de excesso de peso ou de obesidade mórbida.
Já num estudo sobre a problemática conduzido pela organização Intensive Care National Audit and Research Centre, pode ler-se que a obesidade "aumenta o risco de morrer de coronavírus".
Os investigadores envolvidos na pesquisa examinaram todas as admissões hospitalares de pacientes com Covid-19, internados nos CI - desde a data original de entrada até à última quinta-feira, dia 19 de março.
Naquele período de tempo estavam 194 pacientes internados nos CI com coronavírus, em todo o Reino Unido. Estimando-se que esse número tenha aumentado nos últimos dias.
O estudo apurou que mais de um terço dos indivíduos em estado crítico tinham menos de 60 anos - o que por sua vez também prova que as faixas etárias mais novas estão igualmente em risco de serem infetadas com a Covid-19.
Concluiu ainda que a maioria dos pacientes nos cuidados intensivos eram homens (71% dos casos), e que entre nove a 18% sofriam previamente de outras condições de saúde subjacentes, tais como doenças cardíacas ou pulmonares. Duas das pacientes haviam estado grávidas nas últimas seis semanas.
Entretanto, os doentes que sofriam de excesso de peso, com um índice de massa corporal (IMC) entre os 25 e os 40, perfaziam 64% dos internados, enquanto que 7% estavam classificados como sofrendo de obesidade mórbida, com um IMC correspondente acima dos 40.
Anteriormente, já haviam sido realizado estudos que validavam que indivíduos obesos corriam um risco superior de complicações ou de morte devido a infeções como a gripe.
Os médicos defendem que existem inúmeros fatores que tornam os pacientes obesos mais vulneráveis ao vírus.
Ser obeso pode afetar a resposta imediata do sistema imunitário contra ameaças exteriores, nomeadamente de vírus e bactérias e aumentar a inflamação do organismo, o que significa que é mais difícil para o corpo combater os efeitos debilitantes da Covid-19.
Mais ainda, os pacientes com excesso de peso apresentam um diafragma mais pesado, o que consequentemente coloca pressão nos pulmões, tornando o ato de respirar mais custoso e em última instância privando-os de oxigénio.
Por fim, o entupimento das artérias com excesso de gordura dificulta o transporte do sangue das células imunitárias para todo o corpo humano, e daí que o combate à infeção apresente uma grande probabilidade de não ser bem sucedido - acabando no óbito da pessoa.