Instituições de saúde devem garantir refeições seguras aos profissionais

A Ordem dos Nutricionistas defendeu hoje que as instituições de saúde e os lares de idosos têm de adequar os seus circuitos de preparação e distribuição de alimentos para garantir aos seus profissionais uma alimentação segura, equilibrada e saborosa.

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Lusa
31/03/2020 13:14 ‧ 31/03/2020 por Lusa

Lifestyle

Covid-19

Em declarações à agência Lusa, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas (ON), Alexandra Bento, afirmou que as instituições onde os profissionais de saúde trabalham na linha da frente do combate à covid-19 devem assegurar-lhes um estado nutricional equilibrado, sobretudo nesta fase de maior pressão e cansaço.

"Têm de ser as próprias instituições de saúde ou as instituições onde eles trabalham, como as instituições dedicadas aos idosos, a providenciar uma alimentação que seja segura, equilibrada e também seja saborosa", defendeu.

Nas reuniões que tem mantido periodicamente com o Ministério da Saúde, a Ordem dos Nutricionistas tem defendido que "a primeira coisa que os estabelecimentos têm que fazer é adequar os seus circuitos de preparação e distribuição de alimentos".

No caso dos hospitais, por exemplo, os bares e os refeitórios têm de ter "um acesso exclusivo para os profissionais" e deve ser garantida "a correta higienização de todos esses espaços", nomeadamente as máquinas de venda automática.

Relativamente às refeições, a bastonária disse que devem ser fornecidas de preferência em lancheiras com todo o material descartável e devem ser asseguradas seis vezes ao dia.

Alexandra Bento disse não ver com "muito agrado" o que se está a verificar em alguns estabelecimentos de saúde, que estão "a ser bombardeados" com produtos oferecidos por empresas,

"Não pondo de parte a bondade das empresas que os oferecem, é preciso que sejam os serviços de saúde a acautelar estas refeições para os seus profissionais, para garantir segurança alimentar, equilíbrio nutricional e sabor", sublinhou.

Para os profissionais que estão em quarentena, as recomendações são as mesmas das outras pessoas que se encontram na mesma situação e que passam por "priorizar os produtos que são frescos, nomeadamente as frutas e hortícolas".

Também devem ser priorizadas as refeições feitas em casa e envolver a família na sua confeção, disse Alexandra Bento.

Sobre as entregas de comida ao domicílio, referiu que só devem ser pedidas em "situações muito excecionais" ou aproveitá-las para pedidos de alimentos não confecionadas.

Aconselhou ainda os portugueses a adaptarem as porções das refeições, uma vez que muito vão "ficar mais inativos", e terem "todos os cuidados de segurança na manipulação de alimentos".

"Se é certo que a evidência científica nos diz que até ao momento a contaminação não se dá por via de alimento, por outro lado, também sabemos que é preciso que as práticas alimentares de preparação, confeção e de tratar a comida sejam verdadeiramente rigorosas para que também não possa constituir um momento na transmissão", afirmou.

Há também que ter em conta as regras de alimentação saudável, limitando a ingestão de sal, gordura e açúcar, reforçar os alimentos ricos em fibra, como frutas e hortícolas, e beber muita água.

"Nós devemos lutar para vencer esta doença contagiosa, mas não devemos deixar crescer as doenças que são não transmissíveis como é o caso da diabetes, da obesidade, da hipertensão arterial", apelou Alexandra Bento.

A bastonária afirmou que os portugueses que têm de ficar em casa para evitar o contágio pelo novo coronavírus, devem aproveitar esta oportunidade para ter "uma vida mais saudável, porque claramente sair de casa é uma ameaça".

"É a velha máxima que costumamos dizer, vamos transformar uma ameaça numa oportunidade", concluiu Alexandra Bento.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 791 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 38 mil.

Dos casos de infeção, pelo menos 163 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 160 mortes, mais 20 do que na véspera (+14,3%), e 7.443 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 1.035 em relação a segunda-feira (+16,1%).

Dos infetados, 627 estão internados, 188 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00h00 de 19 de março e até às 23h59 de 2 de abril.

Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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