Covid-19: Como funcionam os ventiladores e porque é que salvam vidas

Estes aparelhos são a última esperança para grande parte dos pacientes gravemente doentes com o Sars-CoV-2.

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Liliana Lopes Monteiro
02/04/2020 13:00 ‧ 02/04/2020 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

O papel dos ventiladores

Contudo, e conforme avança uma investigação realizada pela BBC Mundo, nem os sistemas de saúde dos países mais desenvolvidos e prósperos do mundo estão equipados com a quantidade de ventiladores que a pandemia da covid-19 pode exigir.

O problema já levou médicos italianos e espanhóis a terem de tomar a excruciante decisão de quais pacientes conectar a essas máquinas e quais não, o que inúmeras vezes resulta na morte desses indivíduos. 

Como explica a BBC, na tentativa desesperada e urgente para colmatar o défice de ventiladores, governos de todo o mundo tem exigido que indústrias de todos os tipos coloquem toda a sua capacidade de produção para fabricar o aparelho salva vidas. 

"Estamos com um problema sério, nunca antes visto, anteriormente inimaginável, e a verdade é que estamos a assistir a isto com uma preocupação extrema", afirmou à BBC Mundo Gustavo Zabert, pneumologista da Clínica Pasteur em Neuquén, na Argentina, e presidente da Associação Latino-Americana do Tórax.

"Aqui não conseguiremos suprir o problema de forma diferente do que está a ocorrer noutras partes do mundo, a menos que consigamos amenizar o pico da epidemia", manifestou. 

Todavia, o que são afinal os ventiladores, como operam e por que motivo desempenham um papel tão crítico na guerra que estamos a travar contra o novo coronavírus?

Bomba de oxigénio

A necessidade imperativa dos ventiladores advém do facto de que aproximadamente 5% dos pacientes com Covid-19 acabam por sofrer da síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA).

"É a resposta inflamatória excessiva (dos pulmões) à infecção, neste caso viral, por coronavírus", explica à BBC Oriol Roca, médico associado do serviço de medicina intensiva do Hospital Vall d'Hebron, em Barcelona.

"Um tipo de membrana é criada e o oxigénio não consegue passar, o que por sua vez provoca insuficiência respiratória", conta o médico Ferran Morell, ex-chefe do serviço de pneumologia do mesmo hospital.

"É uma condição para a qual não há cura. A única solução é colocar os pacientes em ventilação mecânica e esperar que a sorte esteja do seu lado e que o organismo reaja", afirma. 

"Dos que agora são admitidos por problemas respiratórios agudos em terapia intensiva pela Covid-19, metade morre", acrescenta Morell.

Porém, o valor seria ainda notoriamente mais elevado sem ventiladores artificiais, capazes de garantir a chegada de oxigénio no sangue.

Oriol Roca, explica à BBC que esses dispositivos fazem isso de duas maneiras: fornecendo ao paciente mais oxigénio do que o ar ao seu redor e trabalhando como uma bomba capaz de superar a resistência da membrana que impede a sua passagem.

"Em condições normais, respiramos porque o diafragma contrai e deixamos entrar o ar nos pulmões. Mas, quando há inflamação, esse processo que, em condições normais usa muito pouca energia, torna-se muito mais difícil para o paciente e pode acabar esgotando-o", salienta o especialista do Vall d'Hebron.

"Então, o que o ventilador faz é transportar o ar para dentro do paciente e também fornecer não apenas ar, mas até 100% de oxigénio, ou seja, muito mais oxigénio do que respiramos normalmente", conclui. 

 

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