Os portugueses poderão agravar muito significativamente o seu equilíbrio emocional e mental com o atual Estado de Emergência, com 55% a revelarem-se mais stressados no período Covid-19 e, destes, 48% apontam as causas para a perda de rendimentos, enquanto 45% para o confinamento em casa, revela um inquérito da Fixando junto de 600 psicólogos e 1.200 famílias. Os psicólogos consideram mesmo que, a médio prazo, surgirá o pânico de sair de casa e, a longo prazo, surgirão patologias como transtorno obsessivo compulsivo.
“Em algumas pessoas haverá certamente o aparecimento ou recaídas de quadros depressivos e ansiosos. A ansiedade já era uma das perturbações mentais que mais afetava os portugueses e continua a sua ascensão”, comenta um psicólogo que preferiu o anonimato.
No entender dos profissionais esta ansiedade poderá agora aparecer sobre outras formas como os ataques de pânico, agorafobia, fobia social e stress pós-traumático, especialmente nos profissionais de saúde.
“Na grande maioria o impacto será negativo, com agravamento de sintomas psicopatológicos, necessitando de uma maior rede pública e gratuita para o acompanhamento em psicologia, correndo o risco do aumento de antidepressivos e ansiolíticos sem a vigilância e orientação adequadas, promovendo a dependência de fármacos”, alerta a psicóloga Nádia Rala.
E entre os casais?
Segundo o inquérito, é consensual que o confinamento vai trazer um aumento das dificuldades financeiras e emocionais, o que se traduzirá numa influência negativa sobre os comportamentos sexuais.
Por um lado, há o impacto positivo da partilha de mais momentos juntos e em família, dividindo funções, mas, por outro lado, acabam por estar em estado de stress pela falta de previsão de futuro.
“Depende dos casais e das pessoas. O ‘Nós’ do casal pode ser, nesta fase, um balão de oxigénio ou um copo de veneno para o ‘tu’ e o ‘eu’”, alerta outro psicólogo anónimo.
E nas famílias com crianças pequenas ou adolescentes?
Os psicólogos dizem que vai depender da adaptação de cada família, pois, geralmente, com filhos pequenos e em teletrabalho, torna-se mais difícil e irá haver mais conflito, enquanto que, com filhos adolescentes será mais suave, pois são mais independentes o que torna o dia a dia menos stressor para os pais.
“Os filhos pequenos podem apresentar sintomas de medo e ansiedade infantil porque não entendem muito bem o que está a se passar, mas percebem as diferenças entre as pessoas. É importante explicar às crianças, numa linguagem adequada o que se passa. No caso dos adolescentes também poderão apresentar sintomas de ansiedade ou depressão, que devem ser observados e acompanhados pelos pais e, se necessário, um profissional de saúde mental”, avança Elayne Nogueira, psicóloga.