Desde o mês de março, que a farmacêutica francesa Sanofi juntamente com a empresa norte-americana de biotecnologia Regeneron Pharmaceuticals estão a trabalhar num programa internacional de ensaios clínicos de forma a apurar se um dos seus fármacos poderá ser eficaz contra a SARS-CoV-2.
Conforme avança a revista Galileu, o kevzara ou sarilumabe, foi originalmente concebido para tratar casos da doeça autoimune artrite reumatoide, que afeta gravemente as membranas das articulações e muitas vezes danifica os órgãos internos.
O medicamento tem na sua composição um anticorpo monoclonal, que se trata de uma proteína amplamente usada no tratamento de patologias autoimunes e até no cancro. O anticorpo consegue inibir o receptor da interleucina-6 (IL-6), uma molécula que, quando produzida em excesso no organismo, tende a causar inflamações. E é esse mesmo índice mais elevado de IL-6 que está a chamar a atenção dos médicos e cientistas.
Os investigadores pretendem assim apurar se o sarilumabe pode ser eficaz contra o SARS-CoV-2. Sobretudo tendo como base os dados preliminares de uma pesquisa chinesa que usou outro anticorpo recetor de IL-6 no tratamento da Covid-19.
Neste momento, os estudos estão na fase ⅔ e estão a avaliar a eficácia clínica do sarilumabe. “Para isso, os pacientes serão randomizados em três grupos: dose mais alta de sarilumabe, dose mais baixa de sarilumabe e placebo”, escreveu a Sanofi num email enviado para a revista Galileu. “Os resultados extraídos dessa análise serão utilizados de maneira adaptativa para determinar a transição para a fase 3”.
Será nessa última fase, recorrendo aos resultados da segunda, que será estipulado se o sarilumabe pode ou não ser usado para tratar a Covid-19 nos indivíduos mais gravemente doentes.
Segundo a Sanofi, se os ensaios apresentarem resultados positivos, espera-se que “o sarilumabe possa diminuir a reação inflamatória extrema nos pulmões de pacientes com Covid-19 grave ou crítica, reduzindo sintomas de febre, congestão pulmonar e a necessidade de ventiladores e oxigénio suplementar, além de reduzir o risco de morte", concluíram os investigadores.