Guerra interna. Coronavírus ataca enzimas que nos deviam proteger

Estudo norte-americano apura que o SARS-CoV-2, causador da doença da Covid-19, promove a produção excessiva da enzima ACE2, que é usada como via de entrada do vírus no corpo humano.

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Liliana Lopes Monteiro
23/04/2020 14:10 ‧ 23/04/2020 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Covid-19

Investigadores do Hospital Infantil de Boston e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, realizaram uma pesquisa que detetou os pontos fracos do sistema imunitário, que por sua vez o tornam um alvo fácil para o novo coronavírus.

O estudo publicado nesta terça-feira, dia 21 de abril, na revista científica Cell recorreu a informações de outras pesquisas recentes que constataram que o SARS-CoV-2 'rapta' a enzima ACE2 e com o intuito de invadir o organismo é ainda auxiliado por outra enzima denominada de TMPRSS2.

Usando esses dados como ponte de partida, os cientistas começaram a tentar apurar quais as células dos pulmões e do intestino que estão mais vulneráveis à investida conjunta dessas duas enzimas. 

Os especialistas concluíram que menos de 10% das células produz a ACE2 e a TMPRSS2. Mais ainda, esses organismos repartem-se em três variedades: células pulmonares pneumócitos tipo II que ajudam a manter os alvéolos operacionais, onde decorre a absorção de oxigénio; células caliciformes no nariz, que expelem muco e as células enterócitos, que envolvem o intestino delgado e contribuem para a apreensão de nutrientes.

Interferon 'a grande traidora'

A interferon trata-se de uma proteína fabricada pelos leucócitos e fibroblastos que tem a função de interferir na produção de microrganismos, como o novo coronavírus, e combatê-los.

Contudo, o estudo norte-americano constatou com surpresa que a ACE2 é incitada pela interferon, por outras palavras, a proteína acaba por permitir um número mais elevado dessas enzimas receptoras no sistema imunitário, o que por sua vez intensifica o poder e a destreza do novo coronavírus de invadir as células.  

Segundo Jose Ordovas-Montanes, um dos líderes do estudo, num comunicado emitido à imprensa: "o ACE2 é ainda essencial para proteger o ser humano de vários tipos de lesões nos pulmões".

"Quando o ACE2 surge, geralmente é uma resposta produtiva. Mas, como o vírus usa o ACE2 como alvo, especulamos que este possa estar a explorar essa resposta protetora para assim se propagar pelo organismo", conclui Ordovas-Montanes

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