Investigadores do Hospital Infantil de Boston e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, realizaram uma pesquisa que detetou os pontos fracos do sistema imunitário, que por sua vez o tornam um alvo fácil para o novo coronavírus.
O estudo publicado nesta terça-feira, dia 21 de abril, na revista científica Cell recorreu a informações de outras pesquisas recentes que constataram que o SARS-CoV-2 'rapta' a enzima ACE2 e com o intuito de invadir o organismo é ainda auxiliado por outra enzima denominada de TMPRSS2.
Usando esses dados como ponte de partida, os cientistas começaram a tentar apurar quais as células dos pulmões e do intestino que estão mais vulneráveis à investida conjunta dessas duas enzimas.
Os especialistas concluíram que menos de 10% das células produz a ACE2 e a TMPRSS2. Mais ainda, esses organismos repartem-se em três variedades: células pulmonares pneumócitos tipo II que ajudam a manter os alvéolos operacionais, onde decorre a absorção de oxigénio; células caliciformes no nariz, que expelem muco e as células enterócitos, que envolvem o intestino delgado e contribuem para a apreensão de nutrientes.
Interferon 'a grande traidora'
A interferon trata-se de uma proteína fabricada pelos leucócitos e fibroblastos que tem a função de interferir na produção de microrganismos, como o novo coronavírus, e combatê-los.
Contudo, o estudo norte-americano constatou com surpresa que a ACE2 é incitada pela interferon, por outras palavras, a proteína acaba por permitir um número mais elevado dessas enzimas receptoras no sistema imunitário, o que por sua vez intensifica o poder e a destreza do novo coronavírus de invadir as células.
Segundo Jose Ordovas-Montanes, um dos líderes do estudo, num comunicado emitido à imprensa: "o ACE2 é ainda essencial para proteger o ser humano de vários tipos de lesões nos pulmões".
"Quando o ACE2 surge, geralmente é uma resposta produtiva. Mas, como o vírus usa o ACE2 como alvo, especulamos que este possa estar a explorar essa resposta protetora para assim se propagar pelo organismo", conclui Ordovas-Montanes.