Neste momento, o mundo está a seguir atenta e ansiosamente a potencial vacina capaz de derrotar o novo coronavírus, que está a ser produzida por cientistas na Universidade de Oxford. Se funcionar, já está assente um acordo para a produção de 30 milhões de doses em setembro.
Contudo, o professor Adrian Hill avisa que o ensaio clínico a ter início em breve poderá ser um fracasso e não produzir "resultados", isto porque o vírus está a desaparecer do Reino Unido.
Hill, diretor do Jenner Institute na Universidade de Oxford, disse em exclusivo ao jornal The Telegraph que o rápido desaparecimento do vírus "lança dúvidas acerca da viabilidade de os investigadores cumprirem esse prazo de quatro meses".
Geralmente, em ensaios clínicos de larga escala, é administrada aos participantes uma vacina e é-lhes pedido que reintegrem a sociedade e vivam 'normalmente', de modo a discernir se a imunização é de facto eficaz a prevenir a infeção pelo vírus - neste caso do SARS-CoV-2.
Todavia, o vírus está a desaparecer. Cerca de 0,25% da população está atualmente infetada e esse valor tenderá a diminuir se as medidas de isolamento continuarem a funcionar.
Por outras palavras, tornar-se-á difícil para os voluntários serem infetados pelo novo coronavírus, o que significa que os cientistas não conseguirão provar se a vacina faz de facto alguma diferença.
Investigadores do Imperial College of London já revelaram ter o mesmo receio. Instituição esta que é a segunda candidata para a criação de uma vacina no Reino Unido.
Aliás, o dilema já levou alguns cientistas a considerarem infetar propositadamente os voluntários com o vírus para apurar se a vacina os protege. Medida que, por questões éticas, dificilmente seria aprovada.
A vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, denominada ChAdOx1 nCoV-19, está a ser testada em humanos desde o dia 23 de abril. Até ao momento, tem mostrado ser segura e os investigadores afirmam que está a evoluir bem.
Porém, Hill alerta que espera que menos de 50% dos voluntários não fiquem infetados - os resultados só são viáveis se cerca de 20% dos indivíduos testarem positivo.
"Há uns meses dissemos que tínhamos à volta de 80% de probabilidade de produzir uma vacina eficaz até setembro", afirmou ao The Telegraph.
"Mas, atualmente, há uma hipótese de 50% de não conseguirmos alcançar nenhum resultado".
"Estamos numa situação bizarra de querer que a Covid-19 permaneça entre nós, pelo menos por mais alguns tempos. Contudo, sim - os casos estão a decrescer", concluiu.