A doença de Kawasaki trata-se de uma vasculite que resulta no não desenvolvimento da artéria coronária da criança à medida que cresce. Consequentemente, esse vaso sanguíneo torna-se excessivamente pequeno para permitir o funcionamento adequado do coração, sendo que o órgão acaba por não receber sangue suficiente.
Contudo, e conforme avança um artigo publicado na revista Galileu, uma pesquisa divulgada no Journal of the American Medical Association apoia os resultados de outros estudos realizados até ao momento - afinal, a condição que afeta as crianças com Covid-19 não é a mesma.
O novo estudo, realizado por investigadores do Imperial College London, no Reino Unido, detetou os sinais chave da condição denominada síndrome inflamatória multissistémica pediátrica provisoriamente ligada ao SARS-CoV-2 (PIMS-TS).
Apesar dos especialistas acreditarem que a patologia é muito rara, estão preocupados com a possibilidade desta causar danos coronários a longo prazo.
Contrariamente à doença de Kawasaki, que tende a surgir antes dos cinco anos de idade, a síndrome inflamatória multissistémica pediátrica (PIMS-TS) afeta crianças mais velhas, com cerca de 9 anos. A condição que ainda permanece um mistério para os especialistas provoca dores abdominais, febre alta e diarreia.
"A nossa análise revelou que realmente se trata de uma nova condição", afirmou a investigadora Julia Kenny, num artigo publicado no site do Imperial College London.
O estudo britânico concluiu que 45 das 58 crianças analisadas tinham desenvolvido a doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 ou estavam infetadas durante a investigação.
Para os cientistas tal é um indicador de que a síndrome está relacionada com a Covid-19, devendo-se possivelmente a uma reação desmesurada do sistema imunitário na tentativa de combater o vírus invasor.
"Quando não tratada, existe o risco de complicações graves em crianças muito doentes, mas com a identificação e o tratamento precoces, o prognóstico é excelente", conclui Kenny.