Um novo estudo, publicado esta quinta-feira na revista científica Cell, alerta que uma nova mutação do SARS-CoV-2 é três a nove vezes mais infecciosa, mas não parece ser mais letal.
Desde o seu aparecimento, o SARS-CoV-2 já sofreu centenas de mutações, sendo que a D614 foi considerada a mais comum e a mais agressiva. Até agora.
De acordo com o novo estudo, a recente alteração, chamada G614, é ainda mais comum e tem um poder infeccioso superior às mutações anteriores. Esta mutação afeta a proteína 'Spike', utilizada pelo vírus para perfurar as células e a facilidade de transmissão é justificada pela rapidez da nova mutação na multiplicação do coronavírus no trato respiratório.
Para chegar a esta conclusão, os investigadores realizaram estudos em pessoas, animais e células. Segundo o diretor do Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacina contra o HIV, David Montefiore, “a variante G é três a nove vezes mais infecciosa do que a variante D”, disse à CNN.
O estudo sugere ainda que, embora a variante G614 possa ser mais infecciosa, não é mais grave. “Não encontramos evidências do impacto do G614 na gravidade da doença, ou seja, não foi significativamente associado ao estado de hospitalização”, referem os investigadores citados pela CNN. Para poder afirmar isto, foram realizados testes em mil pacientes hospitalizados com Covid-19 na Grã-Bretanha. Desses testes, chegou-se à conclusão que os infetados com a nova mutação não desenvolveram uma doença mais grave.
Com estas novas descobertas, os especialistas temem que a G614, que afeta a proteína Spike, possa dificultar o efeito de uma vacina. Isto prende-se com o facto de que as várias vacinas que estão a ser testadas visam, principalmente, esta proteína, mas foram desenvolvidas segundo as características antigas do vírus. David Montefiore revela que estão a investigar as consequências.