Uma pesquisa realizada por investigadores da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, apurou que os homens são mais suscetíveis a acreditar em teorias da conspiração relacionadas com o novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da doença da Covid-19, comparativamente às mulheres.
O estudo norte-americano, publicado na revista Politics and Gender, e divulgado pela revista Galileu, teve como base a análise de políticos republicanos e democratas, sendo que os primeiros mostraram crer muito mais em teorias da conspiração do que os liberais.
Numericamente falando, os investigadores apontam que os democratas, 32,45% dos homens e 22,27% das mulheres defendem 'ideias fantásticas' acerca da disseminação do novo coronavírus; já entre os republicanos os números sobem perigosamente, dividindo-se em percentagens de 48,9% nos homens e 38,81% nas mulheres.
Para efeitos daquela pesquisa, e conforme reporta a Galileu, os académicos recorreram à análise de três mil indivíduos e usaram 11 teorias da conspiração. Entre essas teorias destacavam-se alegações de que a China ou os EUA libertaram acidentalmente o vírus; que estações de telemóvel 5G estão a provocar o SARS-CoV-2; que os cientistas estão tentar denegrir a imagem do presidente dos EUA republicano Donald Trump e para isso exageram no perigo da Covid-19 e que o vírus é uma criação de Bill Gates, para este poder injetar uma substância secreta em toda a humanidade.
Para Joanne Miller, co-autora do estudo, em declarações à imprensa: "uma pandemia global é a tempestade perfeita para incertezas".
"Quando sentimos falta de controle, incerteza ou impotência, procuramos explicações sobre o motivo do evento que nos está a deixar com esses sentimentos. E o que isso pode fazer é nos levar a conectar pontos que não deveriam ser conectados porque estamos a procurar respostas à 'força'".
Segundo Erin Cassese, líder do estudo: "trata-se de algo que homens e mulheres podem experimentar, mas, no nosso estudo, descobrimos que são os homens que estão a sentir com maior intensidade este momento e isso influencia a forma como se sentem em relação à Covid-19".
"Desamparo aprendido e uma predisposição para o pensamento conspiratório explicam cerca de metade da diferença de género que encontramos. Mas ainda há mais a fazer para tentar entender este fenómeno", concluiu Cassese.