Tendemos a associar a falta de higiene bucal a problemas localizados unicamente boca, como por exemplo cáries ou inflamação das gengivas. Contudo, e conforme explica uma reportagem publicada na BBC News, as complicações podem estender-se para outras zonas do corpo e órgãos.
De facto, as patologias orais podem incitar o aparecimento de várias doenças sistémicas. Existindo atualmente provas científicas de que as bactérias da boca podem proliferar para outras partes do organismo, incluindo no cérebro.
Estima-se que em média, cada pessoa tem entre 100 e 200 espécies de bactérias bucais das 700 espécies identificadas.
Essas bactérias habitam e proliferam nos dentes, na língua, gengivas e um pouco por toda a boca.
Contudo, grande parte desses microrganismos não são de todo prejudiciais se tomarmos os devidos cuidados. Sendo que nos protegem contra patógenos - organismos externos que podem provocar o aparecimento de doenças.
Mas se ingerimos uma dieta pouco ou nada saudável ou não mantemos uma higiene bucal adequada essas bactérias podem sim causar um desequilíbrio, denominado de disbiose.
Exemplificando, a BBC explica que se consumimos açúcar em excesso, as bactérias na placa dentária que ingerem açúcar aumentam. Por outras palavras, as bactérias que 'comem' açúcar e produzem ácido aumentam em número de tal forma na placa dental que a acidificação prejudica o esmalte, o que provoca gradualmente o aparecimento de cáries.
A placa não é sua amiga
Um exemplo mais relevante de doenças sistémicas consiste nas chamadas doenças periodontais. Quando há uma higiene bucal deficitária a placa acumula-se e o corpo humano reage com a inflamação das gengivas.
Se não tratarmos essa inflamação, pode com o tempo desenvolver-se uma inflamação crónica arrasadora: a periodontite.
Esta condição resulta na perda de tecido humano e na formação de bolsas periodontais repletas de bactérias ao redor dos dentes.
Outras doenças extremamente graves
Ter periodontite eleva o risco de desenvolvimento de patologias como a artrite reumatoide, aterosclerose, hipertensão, Alzheimer, diabetes e complicações no parto.
Ir ao dentista para tratar a periodontite é importante para reduzir as chances dessa inflamação.
Recentemente, um estudo analisou o cérebro de pessoas que haviam morrido vítimas de Alzheimer. Os investigadores detetaram o ADN da Porhyromonas gingivalis e enzimas chamadas gengivinas, que degradam as proteínas humanas. Mais ainda, a quantidade dessas enzimas foi associada ao grau de gravidade da doença.
'O carteiro toca sempre duas vezes'
A American Dental Association aconselha lavar os dentes duas vezes por dia com pasta dentifríca com flúor (1.000 - 1.500 ppm), limpar diariamente os dentes com fio dental e ir ao dentistas regularmente.
Alertando ainda, que as doenças bucais não devem ser deixadas sem tratamento profissional.