Em junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que se encontrava a analisar a combinação dos medicamentos Lopinavir e Ritonavir, habitualmente utilizados contra o VIH (vírus da sida), no tratamento de pacientes infetados com o novo coronavírus. Esta terça-feira, um estudo publicado no The Lancet afirma que esta junção de fármacos não é recomendada em pacientes hospitalizados com Covid-19 pois não encurta significativamente a permanência no hospital ou diminui o risco de necessidade de ventilação ou de morte.
A investigação, patrocinada pela Universidade de Oxford, contou com pacientes em 176 hospitais no Reino Unido e é a primeira em larga escala a avaliar a eficácia do Lopinavir-Ritonavir contra a Covid-19.
Em muitos países, a combinação destes medicamentos antivirais foi recomendada como tratamento de primeira ou segunda linha para o vírus, com base em estudos pré-clínicos e de observação.
No estudo da Universidade de Oxford, os pacientes foram aleatoriamente designados para o tratamento. Durante 10 dias (ou até alta do hospital) receberam 400 miligramas (mg) de Lopinavir e 100 mg de Ritonavir por via oral, duas vezes ao dia.
De 19 a 29 de junho, 374 de 1.616 pacientes (23%) que receberam os fármacos e 767 de 3.424 pacientes (22%) que receberam os cuidados habituais morreram no espaço de 28 dias. Também não houve uma diferença significativa naqueles que necessitaram de ventilação (10% do grupo Lopinavir e Ritonavir vs 9% do grupo de tratamento usual).
Ambos os grupos tiveram proporções semelhantes de pacientes que necessitaram de diálise (66 de 1.588 [4%] dos pacientes no grupo Lopinavir-Ritonavir vs 140 de 3.348 [4%] dos pacientes no tratamento usual).
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