Investigadores apontam que em alguns casos severos de Covid-19, as células imunes entram em ação de modo semelhante à dos episódios agudos de lúpus eritematoso sistémico (LES). Esta nova descoberta foi divulgada no Nature Immunology e desenvolvida num artigo publicado na prestigiada revista Galileu.
Uma equipa de imunologistas da Universidade Emory, dos Estados Unidos, estudou os padrões de ativação de células B, responsáveis pela produção e disseminação dos anticorpos no organismo.
Os especialistas analisaram o comportamento dessas células em dez indivíduos gravemente doentes com Covid-19 - quatro acabaram por morrer -, e sete pacientes com quadros ligeiros a moderados da patologia. Tendo depois comparado os dados apurados com as células B de 37 pessoas saudáveis.
De acordo com a Galileu, os investigadores determinaram que, nos episódios mais graves de Covid-19, as células B rapidamente entravam em ação no organismo através de uma via extrafolicular, que por sua vez possibilita uma produção mais célere e eficaz de anticorpos.
Porém, e apesar deste processo ter a capacidade de auxiliar o corpo a vencer o SARS-CoV-2, a verdade é que pode igualmente produzir células B de qualidade mais débil que baralham os tecidos do doente assim como o patogeno a ser eliminado.
Ora, segundo os investigadores esse comportamento é extremamente semelhante à de doentes que sofrem de lúpus. Sendo que relativamente a essa patologia, os anticorpos também combatem as células do próprio organismo.
O lúpus é uma doença autoimune que apresenta duas vertentes, nomeadamente uma que só ataca a pele e outra que afeta vários tecidos do corpo. Esta maleita afeta tanto homens como mulheres, surgindo em média entre os 20 e 45 anos.
Conforme explica a Galileu, ao tornar óbvio como a Covid-19 pode causar uma resposta imune 'descoordenada', o estudo pode ajudar a explicar o motivo pelo qual determinados indivíduos apresentam uma dificuldade acrescida para se curarem, mesmo que o seu corpo produza anticorpos em abundância.