O novo coronavírus acumulou várias mutações genéticas -, sendo que uma em especial o tornou ainda mais contagioso, salienta uma pesquisa recente.
Investigadores da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, analisaram mais de cinco mil pacientes com Covid-19, de modo a entenderem como o vírus terá evoluído e sofrido alterações nos últimos meses.
Nomeadamente, os investigadores detetaram uma mutação específica, denomidada D614G, que parece tornar o vírus significativamente mais infectuoso.
O médico e cientista Ilya Finkelstein, co-autor do estudo, disse ao jornal The Washington Post: "o vírus está em mutação como consequência de uma combinação de deriva neutra - o que significa simplesmente que está a ser afetado por mudanças genéticas aleatórias que não auxiliam ou prejudicam o vírus -, que coloca o nosso sistema imunitário sob intensa pressão".
A análise dos investigadores revelou que durante a primeira vaga da pandemia, 71% dos doentes com Covid-19 apresentavam a mutação D614G.
Todavia, durante o verão, constatou-se um aumento desta variante que atingiu os 99,9% de prevalência, segundo os investigadores da Universidade do Texas.
Finkelstein acrescentou: "o vírus continua a sofrer mutações no seu âmago um pouco por todo o mundo. Esforços de vigilância em tempo real como o nosso estudo irão garantir que vacinas e terapêuticas globais estarão sempre um passo à frente".
No total, os cientistas identificaram 285 mutações, apesar da maioria não parecer surtir um efeito significativo na severidade da doença.
Contudo, os investigadores notam que cada nova infeção é um acréscimo, e mudança adicional relativamente ao desenvolvimento de mutações cada vez mais perigosas.
Em declarações ao The Washington Post, James Musser, que liderou o estudo, afirmou: "já demos muitas chances a este vírus e temos que prosseguir o nosso trabalho de investigação com afinco e sem descanso para proteger a população de todo o planeta".