"Acho que subestimamos a importância do contacto físico na nossa interação social. O toque humano é chave para a nossa sobrevivência. Está no nosso ADN", conta Robin Dunbar, psicólogo evolutivo, em entrevista à BBC News.
O tato é o primeiro sentido que o ser humano desenvolve. No útero, o feto sente-o antes de conseguir ouvir, cheirar ou saborear. E, se por exemplo, a gravidez for de gémeos, os bebés podem tocar-se.
Mais ainda, é o sentido que detém o mais vasto órgão sensorial do corpo, nomeadamente a pele, que alcança cerca de 2 metros quadrados.
"Quando tocamos noutras pessoas, o cérebro processa o ato com diferentes mecanismos", afirma à BBC Katerina Fotoloulou, professora de Neurociência Psicodinâmica.
Os sensores presentes na pele permitem-nos experienciar dor, pressão, vibração, prazer ou temperatura. Adicionalmente, tocar e sentir o toque alheio liberta endorfinas.
O estudo
O estudo denominado The Touch Test, foi levado a cabo pela BBC e pela organização Wellcome Collection, que teve ínicio em janeiro até ao fim de março, pouco tempo depois do lockdown ter sido implantado no Reino Unido.
Os investigadores contaram com a participação de mais de 40 mil voluntários de 112 países distintos.
Após a conclusão do estudo, os investigadores concluíram que 72% dos participantes gostavam de ser tocados ou de tocar noutras pessoas, contrariamente a 27% que experienciavam sensações negativas devido ao toque.
Curiosamente, as pessoas que apreciavam o toque interpessoal tendiam a ser mais extrovertidas, a ter níveis mais elevados de bem-estar e a sentir menos solidão.
Os dados apurados sugerem o quanto o ser humano, em geral, valoriza o contacto físico consentido, algo que se torna complicado em tempos da pandemia da Covid-19 que está a assolar o mundo.
"Numa situação na qual não podemos tocar as pessoas que normalmente tocaríamos na nossa vida quotidiana, não é que tudo vá desmoronar instantaneamente. Mas os nossos sentimentos de conexão, empatia e confiança vão começam a degradar-se lentamente", diz Linden. O problema é comummente designado pelos especialistas como 'fome de pele' ou 'sede de pele'.
E, conforme explica a BBC News, entre as muitas informações recolhidas neste estudo destacam-se dados particularmente curiosos!
Estas são as coisas que as pessoas mais gostam de tocar:
1. Pelo animal;
2. Veludo;
3. Seda;
4. Algodão;
5. Pele humana.
E as cinco coisas que as pessoas menos gostam de tocar?
1. Coisas viscosas;
2. Papel de lixa;
3. Nylon;
4. Lã;
5. Metal.
O conceito de 'carícia perfeita'
De acordo com o mesmo estudo, quando um braço é acariciado, pressionado ou apertado, a pessoa é capaz de identificar corretamente o que o outro estava a tentar comunicar em até 83% dos casos, desde emoções que incluem raiva, gratidão, amor, medo, desgosto ou empatia.
E há mesmo uma uma carícia à qual estamos biologicamente mais programados para sentir prazer e bem-estar, e que obedece às seguintes condições: tem que ser rápida, a uma velocidade de exatamente 2,5 cm por segundo, sem ser forte ou suave demais.