ORF3d. O gene pandémico que torna o coronavírus altamente contagioso

Especialistas apontam que o gene incita uma resposta poderosa de anticorpos em pacientes com Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.

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Notícias ao Minuto
13/11/2020 08:20 ‧ 13/11/2020 por Notícias ao Minuto

Lifestyle

Covid-19

Investigadores do Museu Americano de História Natural, nos Estados Unidos, detetaram um gene 'escondido' no novo coronavírus que parece ter contribuído para a sua biologia particular e poder pandémico, explica um artigo publicado na revista Galileu.

De acordo com um novo estudo publicado na eLife, perceber qual é afinal a composição do material genético do SARS-CoV-2 é o elemento chave para combater a patologia que já causou milhões de mortos em todo o mundo.

"A sobreposição de genes pode ser uma das maneiras pelas quais os coronavírus evoluíram para se replicarem com eficiência, impedir a imunidade do hospedeiro ou serem transmitidos, afirmou o líder do estudo Chase Nelson.

"Saber como funcionam pode revelar novos caminhos para o controle do coronavírus, por exemplo, por meio de medicamentos antivirais", acrescentou.

O gene ORF3d estimula uma forte resposta de anticorpos nos doentes que sofrem de Covid-19, provando que a sua proteína é produzida durante a infecção.

Para Nelson: "ainda não sabemos a sua função ou se há significado clínico".

"Mas prevemos que é relativamente improvável que esse material seja detetado por uma resposta de células T, em contraste com a resposta de anticorpos. E talvez isso tenha algo a ver com como o gene foi capaz de surgir". 

Conforme elucida a revista Galileu, os genes são constituídos por cadeias de letras que transmitem informações. Contudo, os genes também podem ser sobrepostos e multifuncionais, apresentando informações criptografadas, dependendo de onde começamos a 'ler'.

Estes genes sobrepostos permanecem um tanto 'ocultos' no organismo, o que os torna difíceis de detetar. Porém, são comuns em vírus. Tal sucede porque os vírus de RNA registam um elevado índice de mutação, e por isso tendem a manter a sua quantidade baixa de modo a prevenir um grande número de mutações. Consequentemente, os vírus criaram um tipo de sistema de compressão de dados em que uma letra no seu genoma pode contribuir para dois ou até três genes distintos.

"A falta de genes sobrepostos coloca-nos em risco de ignorar aspectos importantes da biologia viral", destaca Chase Nelson.

"Em termos de tamanho do genoma, o SARS-CoV-2 e os seus parentes estão entre os vírus RNA mais longos que existem. Portanto, são talvez mais propensos a 'truques genómicos' do que outros vírus RNA", conclui o cientista.

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