Uma equipa de cientistas dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), nos Estados Unidos, analisou nanocorpos de uma lama chamado Cormac, reporta a revista Galileu.
Segundo os resultados preliminares da pesquisa, publicada no Scientific Reports, pelo menos um dos nanocorpos do animal, o NIH-CoVnb-112, pode conseguir identificar o novo coronavírus e ligar-se às proteínas spike do SARS-CoV-2, consequentemente impedindo a infecção.
O nanocorpo é uma variante de anticorpo produzido no sistema imunológico dos camelídeos, família de animais que inclui lamas, camelos e alpacas.
De acordo com a revista Galileu, em média, essas proteínas são um décimo do tamanho dos anticorpos humanos. Por serem mais estáveis, fáceis de reproduzir e económicas de produzir, a ciência tem investigado os potenciais usos dessas proteínas em estudos cientificos. Por exemplo, já foi anteriormente apurado que os nanocorpos são eficazes contra a púrpura trombocitopénica trombótica -, uma patologia autoimune rara que afeta o sangue.
Neste momento, o foco é o seu potencial no combate ao novo coronavírus.
"A proteína spike do SARS-CoV-2 age como uma chave. Faz isso ao abrir a porta para infecções quando se liga a um receptor chamado enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), encontrado na superfície de algumas células", conta Thomas J. 'T.J.' Esparza, líder do estudo. Ou seja, os nanocorpos inibem esse processo ao cobrirem parte da spike.
Esparza e a sua equipa de investigadores imunizaram Cormac com um tido depurado da proteína do SARS-CoV-2. Foram administradas cinco doses à lama durante 28 dias. Os cientistas registaram que, entre as dezenas de nanocorpos produzidos pelo animal, 13 eram fortes candidatos contra a disseminação do coronavírus.
Conforme explica a Galileu, os testes revelaram especificamente que o nanocorpo NIH-CoVnb-112 conseguiu associar-se ao receptor ACE2 com uma potência até dez vezes superior comparativamente a nanocorpos analisados previamente noutros laboratórios.
Recorrendo à utilização de um 'pseudovírus' que copiou o SARS-CoV-2, os investigadores constataram que o nanocorpo preveniu infecções em placas de petri.
Adicionalmente, conclui-se que o efeito preventivo também foi eficaz ao utilizar o nanocorpo num inalador, equipamento usado por asmáticos.
"Esperamos que esses anticorpos possam ser altamente eficazes e versáteis em combater a pandemia do novo coronavírus", sublinhou Brody.
Os investigadores salientam que são necessárias mais pesquisas sobre o tema.