Pandemia levou a declínio no rastreio de doenças cardiovasculares

Os procedimentos de diagnóstico de doenças cardiovasculares caíram quase dois terços durante a primavera de 2020, face a 2019, segundo um estudo com dados de 900 hospitais de 108 países, que atribui a quebra à pandemia de Covid-19.

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Lusa
16/01/2021 06:50 ‧ 16/01/2021 por Lusa

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Coronavírus

De acordo com um inquérito da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), divulgado na sexta-feira, houve uma quebra de 64% nos exames cardiológicos em março e abril de 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior, havendo um impacto "súbito e significativo" em todas as regiões estudadas.

Segundo os autores do estudo, cerca de 718.000 exames cardiológicos não foram realizados nos centros hospitalares analisados nesses dois meses devido à primeira vaga da pandemia, algo que, argumentam, confirma o impacto negativo da covid-19 nos sistemas de saúde.

O estudo analisou dados de vários tipos de exames cardíacos, como ecografias, angiografias e testes de stress.

A AIEA estuda de forma regular as utilizações civis de energia nuclear, em particular em exames médicos.

De acordo com a organização, a diminuição do número de exames deve-se "principalmente ao facto de os pacientes evitarem" os hospitais por "receio de uma possível exposição ao coronavírus", noticia a France-Presse (AFP).

A agência relata também que a falta de equipamento de proteção em pessoal de saúde foi detetada em 22% dos centros analisados.

O estudo aponta ainda que os exames mais afetados são aqueles que demoram mais tempo a realizar e os que implicam um maior risco de exposição à covid-19.

Segundo os dados do relatório, os testes de stress, onde as gotículas de suor e a saliva são suscetíveis de serem libertadas, foram os mais perturbados, com uma diminuição de 78%.

As doenças cardiovasculares têm sido a principal causa de morte no mundo nos últimos 20 anos.

Em dezembro, a Organização Mundial da Saúde apontou que estas estavam a "matar mais pessoas que nunca", depois de terem sido registadas nove milhões de mortes em 2019, um aumento de dois milhões face aos números de 2000.

"Não queremos que as pessoas com doenças cardiovasculares falhem os diagnósticos e os tratamentos de forma atempada ou que desenvolvam graves complicações que poderiam ser evitadas", aponta Michelle Williams, da Universidade de Edimburgo, coautora do estudo.

"Os resultados demonstram a fragilidade dos sistemas de saúde para prestarem cuidados cardíacos vitais em condições de stress e sublinham a importância de apoiar estes sistemas com equipamento, formação, cooperação internacional e infraestruturas", defendeu o coautor do estudo Andrew Einstein, da Universidade de Columbia.

No ano passado, a AIEA tinha alertado para o impacto negativo da pandemia nos serviços de medicina nuclear para o tratamento do cancro.

A pandemia de covid-19 provocou mais de 2 milhões de mortos resultantes de mais de 93 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

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