Estudos anteriores já haviam apontado para a transmissão de anticorpos da Covid-19 das mães para os recém-nascidos através da placenta, e agora uma nova pesquisa publicada no JAMA Pediatrics vem reforçar essa tese, reporta um artigo publicado no jornal The New York Times.
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"O que nós apurámos é razoavelmente consistente com o que aprendemos dos estudos sobre outros vírus", disse Scott E. Hensley, professor associado de microbiologia na Perelman School of Medicine na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e um dos autores do trabalho mais recente.
Mais ainda, acrescentou, o estudo sugere que as mulheres não estão apenas a transferir anticorpos para os fetos, mas que estão igualmente a passar mais anticorpos para os seus bebés se tiverem estado infetadas com o SARS-CoV-2 no começo da gestação.
Segundo Hensley, tal pode ter implicações acerca de quando as mulheres devem ser vacinadas contra a Covid-19. Acrescentando, que vacinar as mulheres no início da gravidez pode acarretar um maior efeito protetor.
No estudo, os investigadores da Universidade da Pensilvânia testaram mais de 1,500 mulheres que haviam dado à luz no Pennsylvania Hospital, em Filadélfia, entre abril e agosto de 2020. Dessas, 83 apresentavam anticorpos da Covid-19 - e após o parto, 72 desses bebés testaram positivo para a presença de anticorpos da Covid-19 através do cordão umbilical, independentemente se as mães haviam experienciado sintomas da doença.
Os académicos detetaram ainda que em cerca de um quarto dos casos, os níveis de anticorpos no sangue do cordão eram 1.5 a duas vezes mais elevados comparativamente à concentração das mães.
Adicionalmente, os investigadores também observaram que quanto mais longo era o período entre o começo da infeção da grávida com o novo coronavírus e o parto, maior era a quantidade de anticorpos transferidos - uma conclusão que ainda não tinha sido alcançada por nenhuma outra pesquisa.
Os anticorpos transferidos pela placenta foram os imunoglobulina G, ou Igg, são o tipo que se forma dias após a infeção e se crê oferecerem proteção a longo prazo contra o coronavírus.
Atualmente, os especialistas ainda desconhecem se a quantidade de anticorpos passada para os bebés é suficiente para prevenir que os recém-nascidos contraiam a Covid-19.