Quem sofre de depressão e de ansiedade apresenta uma maior predisposição para a aumentar a ingestão de de álcool durante a atual pandemia da Covid-19, revela um novo estudo realizado por uma equipa de investigadores da Faculdade de Saúde Pública Global da Universidade de Nova Iorque (NYU), nos Estados Unidos, divulgado na revista Galileu.
Há muito que a relação entre o álcool e situações de stress ou trauma é estudada por especialistas da área da psiquiatria e psicologia.
Para efeitos daquela pesquisa, os investigadores da NYU procuraram perceber como os fatores stressantes associados à pandemia da Covid-19 impactaram no consumo de bebidas alcoólicas e como os indivíduos que sofrem de transtornos de saúde mental foram afetados.
Os especialistas questionaram 5.850 norte-americanos entre março e abril de 2020. Desses, 29% afirmaram ter ingerido mais álcool do que o habitual.
As pessoas entrevistadas que sofriam de depressão clínica revelaram ser 64% mais propensas ao aumento do consumo alcoólico. Entretanto, os indivíduos com ansiedade apresentaram uma probabilidade 41% mais elevada de beber em demasia, comparativamente a quem não padecia do transtorno psicológico.
Adicionalmente, e conforme explica a revista Galileu, os dados relativos à ingestão de bebidas alcoólicas variaram de acordo com a idade dos entrevistados. Os adultos mais jovens, até aos 40 anos, estavam entre os mais suscetíveis a aumentarem o consumo, contudo não foram detetadas diferenças significativas entre pessoas com ou sem transtornos.
"Essa subida no consumo de bebidas, especialmente entre pessoas com ansiedade e depressão, valida as preocupações de que a pandemia pode estar a desencadear uma epidemia de uso problemático de álcool", alerta num comunicado Ariadna Capasso, estudante de doutoramento na NYU e uma das autoras do estudo.
De modo a contrariar esta tendência, os investigadores apoiam o fortalecimento e expansão dos serviços de saúde mental durante a pandemia, incluindo ferramentas da telesaúde.