Um estudo realizado por investigadores das universidades de Pompeu Fabra, em Espanha; Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos; Oxford, em Inglaterra; Helsínquia, na Finlândia; e do Instituto de Pesquisas Demográficas de Rostock, na Alemanha, revela que mais de 20,5 milhões de anos de vida podem ter sido perdidos devido ao novo coronavírus, reporta um artigo publicado na revista Galileu.
Por outras palavras, cada morte por Covid-19 no mundo 'roubou', em média, 16 anos que ainda poderiam ser vividos pelas vítimas, tendo em conta a esperança média de vida global.
A pesquisa divulgada na revista Scientific Reports, destaca também o impacto significativo do SARS-CoV-2 entre a população mais jovem, embora a maioria dos óbitos se registe em indivíduos com mais de 70 anos.
Para efeitos daquela pesquisa, os investigadores calcularam os anos de vida perdidos (YLL), comparando a idade de morte das mais de 1,2 milhão de vítimas da patologia até janeiro deste ano, com a sua expectativa de vida.
Os especialistas concluíram que cerca de 30% dos anos perdidos devido à Covid-19 foram de pessoas com menos de 55 anos; entretanto aproximadamente 45% dos óbitos ocorridos afetaram indivíduos entre os 55 e 75 anos. Conforme explica a Galileu, somando os anos de vida perdidos até então, os dados mostrariam que mais de 270 mil vidas completas - isto é, desde o nascimento até à esperança média de vida - foram obliteradas pelo SARS-CoV-2.
Estimando-se ainda que a Covid-19 possa ter retirado até nove vezes mais anos de vida relativamente às gripes sazonais, e oito vezes em relação a acidentes rodoviários.
"Em países de renda mais alta, uma proporção maior do YLL é suportada pelo grupo mais velho em comparação com os grupos de idade mais jovem. O padrão oposto aparece em países de baixa e média renda, onde uma grande fração do YLL vem de indivíduos que morrem com 55 anos ou menos", escreveram os autores do estudo.
Adicionalmente, os investigadores apuraram que a quantidade de anos perdidos pela Covid-19 foi 44% superior nos homens.
"Os nossos resultados confirmam que o impacto da Covid-19 na mortalidade é grande, não apenas em termos de número de mortes, mas também em termos de anos de vida perdidos. Embora a maioria das mortes ocorra em idades acima de 75 anos, o que justifica respostas políticas destinadas a proteger essas idades vulneráveis, nossos resultados sobre o padrão de idade exigem maior conscientização sobre a formulação de políticas que protejam também os jovens", salientaram os investigadores.
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