Cancro do Rim: O que precisa (urgentemente) de saber

"O cancro do rim é um dos tumores malignos do aparelho urinário. Em 2020, correspondeu a 2% do total de diagnósticos de cancro em Portugal, com 1191 novos casos e 524 mortes a lamentar, de acordo com dados da Globocan", explica Mónica Mariano, Oncologista no Hospital CUF Viseu, neste artigo de opinião partilhado com o Lifestyle ao Minuto.

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Notícias ao Minuto
17/06/2021 07:00 ‧ 17/06/2021 por Notícias ao Minuto

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Dia Mundial do Cancro do Rim

O cancro do rim é duas vezes mais frequente nos homens do que nas mulheres e é diagnosticado principalmente da 6ª à 8ª década de vida (idade mediana aos 64 anos). Não existe um exame de rastreio para o cancro do rim e são reconhecidos como fatores de risco o tabagismo, obesidade e hipertensão arterial. 

Existem casos de cancro do rim em pessoas sem fatores de risco conhecidos e ainda casos de doença com causa genética (hereditária) tais como a doença de Von-Hippel-Lindau (mutação do gene VHL). Nesta última condição, deverá ser equacionada avaliação e aconselhamento familiar por uma equipa médica mais abrangente, incluindo um urologista e geneticista.

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A que sintomas devemos estar atentos?

A maioria dos cancros do rim não dá sintomas. Na verdade, a maioria são detetados, quase acidentalmente, como massas sólidas, em exames de imagem realizados em contexto de rotina ou solicitados para estudo de outras queixas, tais como ecografia ou TAC, pelo que o acompanhamento médico regular assume especial importância na deteção precoce desta doença.Há, porém, uma tríade de sintomas que, quando presentes em conjunto , são altamente sugestivas de cancro do rim e devem motivar consulta médica: dor e aparecimento de uma massa palpável na região lombar e sangue na urina. Podem ainda surgir sintomas como perda de peso sem causa aparente, perda de apetite, anemia, febre e fadiga, mais frequentes em casos de doença avançada. 

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Dra. Mónica Mariano

© DRComo é habitualmente diagnosticado?

Quando a história e o exame clínico são suspeitos, devem ser  realizadas análises sanguíneas (hemograma e estudo bioquímico com função renal, hepática e ionograma) e ainda análise da urina. Como exames de imagem, podem ser realizados ecografia, TAC ou Ressonância Magnética. 

A par da utilização mais frequente de exames de imagem, tem sido possível diagnosticar o cancro do rim numa fase de doença localizada (65%); menos frequentemente, apresentam disseminação regional (17%) ou doença metastizada (16%). 

Para um diagnóstico definitivo pode ser realizada uma biópsia ao rim, guiada por ecografia ou TAC (introdução de agulha através da pele para recolher uma amostra de tecido da massa renal) com posterior análise do material pela Anatomia Patológica; porém, muitas vezes o diagnóstico definitivo é estabelecido após o tratamento cirúrgico, sendo este preferencial. 

Antes de se poder definir o tratamento adequado a cada situação é necessária a realização de exames para determinar a extensão do cancro do rim e se este já se encontra em estado avançado com envolvimento de outros locais à distância (metástases nos gânglios, pulmão, fígado, osso). Este processo é chamado estadiamento e deve ser realizado mediante TAC toraco-abdomino-pélvico, RM abdominal e, eventualmente, cintigrafia óssea. Desta forma fica definido o estádio da doença. 

Que opções de tratamento existem?

A equipa médica multidisciplinar discutirá em conjunto a melhor abordagem terapêutica. A maioria dos cancro do rim são tratados com cirurgia de extração do tumor renal (nefrectomia) – parcial, quando se remove a parte onde está localizado o tumor; ou total, quando é removido todo o rim. Se houver risco cirúrgico e tumores inferiores a 4 cm, outras opções possíveis são a criocirurgia e ablação por radiofrequência. 

Quando o cancro do rim apresenta metástases (ao diagnóstico ou após cirurgia) está indicado tratamento médico com terapêuticas alvo (que atuam diretamente no processo de crescimento das células malignas) e imunoterapia. Nestes casos, o acompanhamento deve ser assegurado por médicos oncologistas, mais especializados e diferenciados na utilização destes tratamentos. De referir que, em particular nos últimos 6 anos, se têm assistido a grandes avanços com o uso de imunoterapia com aumento significativo do tempo de sobrevivência e da qualidade de vida dos doentes. 

E depois do tratamento?

Depois do tratamento inicial e não sendo necessário tratamento médico após a cirurgia, os doentes ficam em follow-up. Nas consultas médicas, de periodicidade variável em função do estádio, é revista a história clínica, sintomas e exame físico. São agendados exames e são ainda reforçadas as recomendações para a adoção de estilo de vida saudável incluindo cessação tabágica, apoio nutricional, exercício físico, controlo da tensão arterial e vigilância periódica pelo médico de família como forma de prevenção.

Leia Também: Identificada proteína que pode desbloquear imunoterapia contra o cancro

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