Conforme explica um artigo publicado na revista Galileu, oficialmente denominada pelos cientistas por AY.1, a variante Delta Plus inclui múltiplas mutações exclusivas comparativamente à sua 'irmã' Delta, e não somente uma como se pensava até agora.
A descoberta surpreendente e preocupante foi feita num estudo realizado por investigadores da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, e ajuda a explicar como a estirpe tem evadido os anticorpos contra a Covid-19 e se disseminado um pouco por todo o mundo.
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A Delta Plus foi identificada originalmente em março de deste ano no Nepal - uma subvariante da estirpe Delta, que por sua vez surgiu pela primeira vez na Índia em outubro de 2020.
Até ao momento a Delta Plus já foi identificada em 44 países, tendo sido registadas 1.536 amostras da mesma pelo mundo até esta quarta-feira, dia 29 de setembro, segundo o rastreador Outbreak.info, do instituto de pesquisa Scripps Research, reporta a Galileu.
Os países com maior número de casos são Estados Unidos (1.046), Reino Unido (67) e Índia (60).
Os cientistas já estavam a par que a Delta Plus apresentava uma mutação adicional no código da proteína espículas (ou 'spike'), elemento que permite que o novo coronavírus SARS-CoV-2 invada as células dos seres humanos infetados.
E agora, após analisarem mais de 300 mil amostras de doentes infetados com as variantes Delta e Delta Plus, os investigadores norte-americanos constataram que a Delta Plus tem um número significativo de mutações de alta prevalência - superior ou igual a 20% -, comparativamente à estirpe original.
Mais ainda, explica a revista Galileu, mutações típicas na proteína espícula, como a G142D, A222V e T95I, também foram identificadas em maior quantidade na subvariante.
Como se não bastasse, os cientistas detetaram igualmente três mutações na 'spike' (K417N, V70F e W258L) que estavam exclusivamente presentes na Delta Plus. Com uma incidência de aproximadamente 60%, foi registada ainda uma nova mutação na estirpe, presente na posição A1146T do gente ORF1a e que contribui para a produção de proteínas envolvidas no processo de replicação do novo coronavírus SARS-CoV-2.
Adicionalmente, conta a Galileu, cinco mutações em particular — T95I, A222V, G142D, R158G e K417N — mostraram serem mais predominantes na Delta Plus do que na variante Delta.
"Com base nos resultados apresentados aqui, é claro que as variantes Delta e Delta Plus têm perfis de mutação exclusivos, e a variante Delta Plus não é apenas uma simples adição de K417N à variante Delta", escreveram os autores do estudo.
De acordo com os académicos, os dados apurados denunciam as mutações morfológicas sempre em evolução do novo coronavírus, ajudando consequentemente a explicar os casos de pessoas previamente infetadas ou que já tomaram a vacina e que ainda assim adoecem com Covid-19.
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