Numa pesquisa divulgada no jornal científico BMC Infectious Diseases e citada pela prestigiada revista Galileu, três investigadores da Universidade Médica de Tóquio, no Japão, apresentam o caso de um homem de 77 anos que havia sido internado no hospital com Covid-19. Sendo que passado 21 dias, o indivíduo havia recuperado do quadro respiratório, mas continuava a sofrer de sintomas de ansiedade e insónias.
Entretanto, algumas semanas após ter tido alta, o idoso terá começado a manifestar sintomas de desconforto interno no ânus, a aproximadamente 10 centímetros da região perineal. O que terá originado no homem um impulso para se mover constantemente, sentindo um agravamento da sensação de mal estar ao se sentar e durante a noite.
O homem, foi então, sujeito a múltiplos exames, tais como colonoscopia e análises neurológicas, que não detetaram nenhum problema em concreto.
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Consequentemente, reporta a revista Galileu, os médicos começaram a considerar o caso como de síndrome do ânus inquieto - ou doença de Willis-Ekbom -, uma variação da síndrome das pernas inquietas.
Segundo os clínicos, os sintomas apresentados pelo indivíduo ajustam-se a manifestações comuns da condição que afeta os membros inferiores, nomeadamente vontade súbita de se mexer, agravamento durante o repouso e à noite, e por outro lado melhora com a prática de exercício físico.
Até ao momento a doença de Willis-Ekbom não tem uma causa conhecida.
Um estudo publicado em 2017 no PLOS One revela indica que a condição está frequentemente associada a outras como depressão, ansiedade, declínio cognitivo, dor crónica e doenças cardiovasculares.
Mais ainda, estima-se que afete entre 3,9% a 14,3% da população geral.
Os médicos japoneses afirmam que não se sabe como é que a bizarra síndrome pode estar relacionada com a Covid-19 e que nenhum estudo prévio tinha ainda associado a condição no ânus à infeção pelo novo coronavírus.
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