Decidiu que estava na hora de ter um filho, mas a espera está a ser mais longa do que o previsto? É normal sentir um nervoso miudinho. Porém, níveis elevados de ansiedade podem contribuir ainda mais para o adiar do sonho da maternidade.

Como explica Catarina Godinho, médica ginecologista e especialista em Medicina da Reprodução do IVI, em comunicado, "é extremamente importante relaxar e gerir o stress durante o período em que o casal tenta uma gravidez".

A infertilidade é mais frequente do que se pensa: pode afetar cerca de 10 a 15% dos casais. Ainda assim, tranquiliza a médica, "graças à ciência, estamos em condições de ajudar a concretizar o sonho da maternidade mesmo quando há patologia". Quando não há uma explicação aparente para a infertilidade, "a ciência, em combinação com alguns conselhos que passam, por exemplo, pela adoção de um estilo de vida mais saudável, podem favorecer uma gravidez", diz.

Outro aspeto fundamental está relacionado com a idade da mulher. “Por razões económicas ou profissionais, as mulheres estão a ser mães mais tarde o que traz consequências para a fertilidade", alerta, sublinhando que a quantidade e a qualidade dos ovócitos diminuem a partir dos 35 anos.

Em relação aos homens, assiste-se igualmente a um aumento dos casos de infertilidade nos últimos anos, representando já metade dos casos atendidos atualmente nas clínicas de procriação medicamente assistida. “Alguns estudos realizados em diversos países concluem que as substâncias químicas presentes em pesticidas, os solventes e recipientes de plástico que utilizamos diariamente contribuem para uma qualidade reduzida do sémen e, logo, para casos de infertilidade", alerta.

A médica acrescenta ainda que o uso de alguns aparelhos como telemóveis ou portáteis/tablets e a utilização frequente de saunas e banheiras aquecidas estão entre os fatores considerados como possíveis causas da queda da qualidade do sémen.

Com tudo isto em mente, Catarina Godinho partilha cinco conselhos que favorecem a fertilidade:

Divirta-se

Saia com amigos (sem excessos), programe passeios a dois para relaxar e namorar ou marque uma visita a um spa, sozinha ou para o casal. Cuidar da sua vida social, afetiva e do seu corpo vai ajudar a relaxar e a aliviar alguma pressão que possa estar a sentir em torno da gravidez. 

Respire, medite e pratique exercício 

Não deixe que as tensões se acumulem no corpo. "Os exercícios de respiração são uma ótima opção, uma vez que obrigam a pessoa a estar focada na respiração e não noutros assuntos que possam estar a perturbar a mente”, explica a médica. A atividade física, que pode ser a caminhada ou a prática de uma modalidade, produz benefícios cardiovasculares, metabólicos, endócrinos e neurológicos. Por outro lado, há estudos que demonstram que o exercício melhora a qualidade dos espermatozoides.  

Escolha bons alimentos e controle o peso 

Evite os alimentos processados. Faça uma dieta variada com sementes, grãos, legumes, proteínas animais ou vegetais e produtos não refinados, ricos em fibras. Os alimentos mais amigos da fertilidade são os que contêm vitaminas e minerais como o ácido fólico (ajuda a prevenir defeitos e malformações no feto), DHA – ácido docosahexaenóico (essencial para a saúde do nosso cérebro, olhos e neurónios, além de revigorar os espermatozoides masculinos e promover o equilíbrio hormonal nas mulheres), vitaminas B, C, D e E (para o controle hormonal, proteção espermática, desenvolvimento ósseo fetal, entre outros), selénio e cálcio. Uma alimentação variada, rica em produtos naturais evitará o excesso de peso corporal, grande inimigo da fertilidade. A obesidade também leva a um aumento das taxas de aborto e duplica o risco de morbidade fetal. 

Partilhe ansiedades e medos 

Não guarde os problemas só para si. Partilhe o que sente com as pessoas mais próximas. Vai sentir-se mais aliviada. Se mesmo assim sentir que não está a conseguir gerir as emoções sozinha ou que o problema da infertilidade está a prejudicar a vida do casal, procure ajuda especializada.  

Durma bem 

Mantenha um ciclo de sono saudável de, no mínimo, oito horas por dia. É tão importante quanto a alimentação. O descanso adequado vai melhorar a produção de melatonina no nosso corpo, que desempenha um papel importante no desenvolvimento dos folículos ovarianos.  

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