Imunidade. Pessoas resistentes à Covid inspiram nova tática para vacinas
Perceber como alguns indivíduos resistem naturalmente à infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da doença da Covid-19, apesar de serem expostas ao vírus, pode levar à formulação de vacinas mais eficazes, dizem investigadores.
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De acordo com um artigo publicado pela BBC News, uma equipa de investigadores da University College London (UCL), no Reino Unido, afirma que algumas pessoas já detinham um grau de imunidade à Covid-19 previamente ao começo da pandemia.
Tal, deve-se possivelmente ao corpo desses indivíduos ter aprendido a combater vírus semelhantes ao SARS-CoV-2.
Segundo os investigadores britânicos, é assim fundamental atualizar as vacinas para copiar essa proteção inata - o que por sua vez, pode tornar os imunizantes ainda mais eficazes.
Super células
Para efeitos daquela pesquisa, explica a BBC, os cientistas acompanharam equipas de profissionais de saúde de um hospital durante a primeira vaga da pandemia do novo coronavírus, através, por exemplo, da recolha frequente de amostras de sangue.
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Embora estivessem num ambiente de alto risco, a verdade é que nem todos os participantes contraíram Covid. Os dados apurados, divulgados originalmente na revista científica Nature, revelam que algumas pessoas simplesmente conseguiram evitar o vírus.
Aproximadamente uma em cada dez apresentou sinais de exposição, aponta a BBC, no entanto jamais experienciou sintomas, nunca testou positivo e jamais desenvolveu anticorpos no sangue contra o SARS-CoV-2.
Os investigadores explicam que parte do seu sistema imunológico foi capaz de controlar o vírus antes que este se instalasse — o que é conhecido como 'infeção abortiva'.
As amostras de sangue recolhidas mostraram que estes voluntários já tinham previamente à pandemia células T protetoras, que reconhecem e matam as células infetadas pelo novo coronavírus.
Conforme destaca Leo Swadling, um dos investigadores envolvido no estudo, o sistema imunológico dessas pessoas já estava 'pronto' para combater a nova doença.
Ora, estas células T conseguiram detetar uma parte do vírus distinta da parte que a maioria das vacinas atuais treina o sistema imunológico para reconhecer.
Os imunizantes atuais focam-se sobretudo na proteína espícula ou 'spike', que reveste a superfície externa do vírus. Todavia, as células T conseguem infiltrar-se no vírus e detetar as proteínas que levam à sua replicação.
"Os profissionais de saúde que conseguiram controlar o vírus antes de ser detetado eram mais propensos a ter essas células T, que reconhecem o maquinário interno, antes do início da pandemia", disse Swadling à BBC News.
Os investigadores sublinham que as vacinas atuais estão a fazer um excelente trabalho para evitar que as pessoas fiquem gravemente doentes e estão ativamente a controlar a pandemia, contudo não são tão eficazes quando se trata de impedi-las de contrair Covid.
"Acho que todos podemos ver que elas [vacinas] poderiam ser melhores", mencionou também à BBC News a professora Mala Maini.
"O que esperamos, ao incluir essas células T, é que possam proteger contra a infeção e também contra a doença, e esperamos que sejam melhores no reconhecimento de novas variantes que apareçam".
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