Estas moléculas chegam ao cérebro e combatem problemas causados pelo VIH
Um grupo de investigadores portugueses desenvolveu fármacos que atuam onde os medicamentos convencionais têm dificuldades em chegar: ao cérebro.
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Lifestyle VIH
Uma equipa do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, criou moléculas capazes de chegar ao cérebro e combater problemas neurocognitivos causados pelo VIH. O projeto desenvolve fármacos que atuam onde os medicamentos convencionais têm dificuldades em chegar - no caso, ao cérebro infetado.
A ciência já confirmou que o VIH consegue, por vezes, chegar ao cérebro e que pode aí manter-se durante décadas, induzindo o declínio das funções cognitivas, como memória, raciocínio, julgamento, resolução de problemas e concentração. Mas, apesar de todos os avanços na prevenção e tratamento, o VIH/SIDA continua a atingir milhões de pessoas em todo o mundo, metade das quais afetadas por distúrbios neurocognitivos que surgem quando a doença chega ao cérebro.
É para combater esta consequência que os investigadores estão a trabalhar num projeto - o NOVIRUSES2BRAIN - coordenado por Miguel Castanho. Segundo comunicado, a terapêutica antiviral existente no mercado "não tem em conta este aspeto e não atravessa eficientemente as paredes das artérias que irrigam o cérebro (a chamada barreira hematoencefálica)". "Esta barreira é pouco permeável a medicamentos. Ao mesmo tempo que mantém o cérebro protegido de agentes externos, é um obstáculo quando é necessário que a medicação atravesse essa 'fortaleza', impedindo o tratamento eficaz dos distúrbios neurocognitivos causados pelo VIH."
O trabalho dos investigadores portugueses já deu os seus frutos. "Já fomos capazes de desenvolver moléculas capazes de atravessar a barreira hematoencefálica e, assim, chegar ao cérebro", congratula-se Miguel Castanho, também professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Ao mesmo tempo, acrescenta, foi possível "desenvolver moléculas com capacidade antiviral" e, "ao juntarmos ambas, conseguimos obter moléculas conjugadas capazes de ultrapassar os desafios no combate às doenças causadas por vírus que afetam o cérebro". Em particular, no caso do VIH, "mostrámos que três destas conjugações são eficazes a atravessar a barreira hematoencefálica e têm atividade antiviral contra o VIH", diz.
A eficácia destas moléculas contra outros vírus que afetam o cérebro (dengue, zika e SARS-CoV-2) está atualmente em estudo.
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