Após Covid corpo pode gerar autoanticorpos que atacam os próprios órgãos
De acordo com um novo estudo, mesmo meses após a recuperação da infeção por Covid-19 níveis elevados de anticorpos podem atacar os próprios órgãos e tecidos dos indivíduos.
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A pesquisa, publicada no Journal of Translational Medicine, incluiu 177 participantes entre os quais 65% eram homens e 35% eram mulheres.
"Resumindo, este estudo abrangente sobre autoanticorpos e de uma ampla gama de antígenos descobriu que o sexo masculino apresenta um risco mais elevado de ativação autoimune diversa após experienciar Covid-19 sintomática; enquanto que o sexo feminino comporta o risco de uma proeminência distinta de ativação autoimune na sequência de uma exposição assintomática ao SARS-CoV-2", explicaram os investigadores, concluindo assim que o padrão de autoanticorpos elevados varia entre homens e mulheres.
Os anticorpos que reagem com automoléculas surgem em indivíduos saudáveis e são referidos como anticorpos naturais ou autoanticorpos.
O estudo diz que os dados apurados são mais uma evidência das consequências da chamada Covid persistente e das sequelas provocadas pelo novo coronavírus a longo prazo.
"Estes achados podem ser particularmente relevantes para a rápida acumulação de evidências das síndromes pós-SARS-CoV-2 que podem surgir mesmo semanas a meses após o fim da infeção leve ou assintomática e com manifestações clínicas que parecem diferir entre mulheres e homens", aponta a pesquisa.
"Ainda não sabemos por quanto tempo, além de seis meses, os anticorpos permanecerão elevados e/ou levarão a quaisquer sintomas clínicos importantes. A partir de agora é essencial monitorizar os indivíduos", disse à Reuters a investigadora Susan Cheng, do Cedars-Sinai Smidt Heart Institute, em Los Angeles.
"Estas descobertas ajudam a explicar o que torna a Covid-19 uma doença especialmente única", afirmou Justyna Fert-Bober, Phd, cientista investigadora do Departamento de Cardiologia do Smidt Heart Institute e coautora sénior do estudo.
"Esses padrões de desregulação imunológica podem estar subjacentes aos diferentes tipos de sintomas persistentes que vemos em pessoas que passam a desenvolver a condição agora referida como Covid persistente", acrescentou.
Susan Cheng concluiu: "se pudermos entender melhor essas respostas dos autoanticorpos, e como é que a infeção pelo SARS-CoV-2 desencadeia e impulsiona essas respostas variáveis, então podemos estar mais perto de identificar maneiras de tratar e até mesmo evitar que esses efeitos se desenvolvam em pessoas em risco".
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