Investigadores do Porto testam novas terapêuticas contra a endometriose

A endometriose, doença que se caracteriza por um crescimento fora do vulgar do endométrio [tecido que reveste o útero], afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil e é uma das principais causas de infertilidade feminina.

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Lusa
14/01/2022 15:21 ‧ 14/01/2022 por Lusa

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Infertilidade

Investigadores do Porto e do Hospital de São João estão a testar novos alvos terapêuticos para a endometriose, doença ginecológica que afeta 10% das mulheres em idade fértil e que é uma das principais causas da infertilidade feminina.

Numa nota publicada no seu 'site', a Universidade do Porto revela hoje que a equipa, constituída por investigadores da Faculdade de Medicina (FMUP), do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) e do Hospital de São João, pretende desvendar os mecanismos moleculares da endometriose e testar um novo tratamento para esta doença "altamente incapacitante".

A endometriose, doença que se caracteriza por um crescimento fora do vulgar do endométrio [tecido que reveste o útero], afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil e é uma das principais causas de infertilidade feminina. Os principais sintomas da doença são "dor pélvica, recorrente e incapacitante, e infertilidade, condições que diminuem muito a qualidade de vida das mulheres e o seu bem-estar", esclarece Delminda Neves, professora da FMUP. "Há dificuldade em controlar a dor e necessidade de interromper tratamentos quando há intenção de engravidar", acrescenta a coordenadora da componente laboratorial do projeto.

Para saberem mais sobre a endometriose, os investigadores vão colher, analisar e caracterizar as células do endométrio e do tecido adiposo de mulheres com a doença submetidas a cirurgia. No decorrer do projeto, que terá uma duração de cerca de dois anos, a equipa vai também desenvolver um "estudo pioneiro" sobre o tratamento da endometriose com metformina, um fármaco "seguro" e "vastamente utilizado no tratamento da diabetes, incluindo a diabetes gestacional".

A metformina, além de baixar os níveis de açúcar no sangue, intervém na secreção do estrogénio, na mitigação da inflamação e da oxidação, e na redução do crescimento ectópico [fora do vulgar] do endométrio. "A expectativa é que este fármaco possa constituir-se como uma alternativa às escassas terapêuticas médicas existentes para a endometriose, que são exclusivamente de natureza hormonal", observa a nota, acrescentando que o tratamento hormonal está associado a "efeitos secundários relevantes" como o descontrolo do ciclo menstrual, retenção de líquidos e dores de cabeça.

"Esperamos demonstrar o impacto da metformina no tratamento da endometriose, nomeadamente da dor crónica, sem interferir com a fertilidade e com o desejo de engravidar", acrescenta Delminda Neves.

O projeto de investigação foi recentemente distinguido com o Prémio de Investigação da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, no valor de 10 mil euros.

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