Apesar de esta ser já a terceira participação da marca na Semana da Moda de homem, da capital francesa, é a primeira presença física, depois de ter participado digitalmente em edições anteriores, ao mesmo tempo que adota um 'showroom' no 3.º bairro de Paris, e que afirma a ambição de vir a fazer um desfile que rivalize com as maiores marcas, e de se expandir para a moda feminina.
"Queremos criar uma ligação com a imprensa, com os compradores. Era o que estava a faltar com uma presença só digital. A roupa é algo físico, então as pessoas têm de as ver verdadeiramente, temos notado ainda mais interesse", disse Reid Baker que, com Inês Amorim, compõem a equipa criativa por detrás da marca Ernest W Baker, em declarações à Agência Lusa.
A marca Ernest W Baker consta desde 2020 no calendário oficial da Semana da Moda de Paris, mas, devido à pandemia, esta é a primeira vez que os dois designers, instalados em Portugal, se deslocam fisicamente até à capital francesa, já que até agora todas as presentações tinham sido através de vídeo.
A dupla recebeu hoje presencialmente, no Palais de Tokyo, imprensa, compradores e outros 'atores' da indústria da moda que vieram conhecer a coleção, num evento híbrido que incluiu uma difusão na internet. Um formato híbrido que vem reconhecer o potencial da marca.
"Com a marca Ernest W Baker só tínhamos estado ainda digitalmente. Já não fazia sentido estar apenas dessa forma, agora era preciso haver uma tentativa de contornar as restrições a que a pandemia nos obriga e haver um contacto mais direto com os compradores e com a imprensa", disse Monica Neto, diretora do Portugal Fashion, que apoia a vinda dos jovens criadores à capital francesa.
As propostas da Ernest W Baker para o outono/inverno 2022-2023 passam pelos seus clássicos como fatos, mas também malhas e peles falsas, com a presença de rosas quer em padrões, quer em detalhes, com uma aposta especial na joalharia.
"A coleção foi focada na continuação das nossas técnicas. Aproveitamos estar perto das fábricas, em Portugal, e das pessoas que fazem as nossas peças para utilizar técnicas antigas que já não existiam e voltámos a usá-las", explicou Inês Amorim, destacando um conjunto de 'casaco-cachecol' que usa uma antiga técnica de 'tricot' feita à mão.
A marca, que nasceu em 2016, vende para mais de 20 países e o desafio em Paris, nos próximos meses, é um desfile de moda que rivalize com a presença de outras marcas como Louis Vuitton, Dior ou Kenzo.
"O 'feedback' que temos é que é realmente uma marca com um potencial enorme. O próximo passo é conceder-lhes um desfile presencial", declarou Mónica Neto.
A dupla de criadores prepara-se ainda para outro desafio: lançar-se na moda feminina, com uma 'coleção-cápsula' para a loja 'online' de luxo SSense.
"As nossas peças sempre foram um pouco andrógenas. Sempre foi algo que pensámos e queremos continuar com o mesmo estilo", indicou Inês Amorim.
A Ernest W Baker continua em Paris durante toda esta semana, com a dupla a adotar um 'showroom' no 3.º bairro da capital, para mostrar as suas coleções de forma privada, respeitando as regras sanitárias, a jornalistas e compradores.
Em 2018, a Ernest W. Baker ficou entre os 20 semifinalistas dos prémios LVMH, grupo francês que inclui marcas como Louis Vuitton, Céline e Christian Dior.
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