Gatos estão mais predispostos a experienciarem sintomas de Covid-19 e cães apresentam uma maior carga viral do novo coronavírus SARS-CoV-2, por trás da doença, na corrente sanguínea, de acordo com um estudo realizado por investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR-UP) - reporta a revista Galileu.
Adicionalmente, a pesquisa reiterou que os animais de estimação podem ser infetados por seres humanos, todavia não existem quaisquer evidências de que os animais possam nos possa infetar.
A análise englobou 217 animais de estimação - 148 cães e 69 gatos - de cinco distritos: Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Coimbra.
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"Verificamos que 15 dos 69 gatos e 7 entre 148 cães continham anticorpos contra o SARS-CoV-2, ou seja, já tiveram contato com o vírus", disse Ricardo Barroso, principal autor do artigo, num comunicado.
Segundo a revista Galileu, entre dezembro de 2020 e maio de 2021, foram recolhidas amostras de sangue dos animais para o rastreio de anticorpos. Mais ainda, foi investigada a história clínica dos bichos, assim como as clínicas veterinárias onde eram acompanhados e a exposição ao coronavírus na casa dos donos ou em ambientes exteriores.
Cinco animais (quatro cães e um gato) foram submetidos a testes PCR quantitativos em tempo real. Destes, somente um cão assintomático testou positivo para o RNA do coronavírus sete dias após o dono ter testado positivo para o patógeno. O cão apresentava uma carga viral elevada - por outras palavras, mesmo o vírus não sendo muito expressivo nos cães, estes parecem replicá-lo em maior carga.
Entretanto, alguns gatos com anticorpos registavam sintomas bastante diversificados. Dos 15 felinos, nove (60%) tinham mais do que um sintoma, nomeadamente quatro experienciaram mal estar respiratório, dois tinham sintomas neurológicos, três sofreram de anomalias digestivas, dois perderam o apetite e um teve febre.
Embora exista a possibilidade de serem infetados, cães e gatos não transmitem o coronavírus SARS-CoV-2.
"Até à data, sabemos que só está provado que nós infetamos os animais e não o contrário", conclui Isabel Fidalgo Carvalho, orientadora da pesquisa.
O estudo foi originalmente publicado no jornal cientifico Microorganisms.
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