Cerca de 7.4% dos portugueses têm deficiência visual e cegueira

É o que aponta a Associação de Profissionais Licenciados de Optometria.

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Notícias ao Minuto
28/03/2022 10:50 ‧ 28/03/2022 por Notícias ao Minuto

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Visão

A Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) apela a uma melhoria no acesso de cuidados de saúde da visão à escala nacional e, também global, com uma efetiva integração dos serviços de saúde da visão ao nível dos cuidados primários, secundários e terciários.

"Portugal é o segundo país no mundo com população mais envelhecida. Cerca de 7.4% da população apresenta deficiência visual e cegueira. Vamos, sem dúvida, enfrentar desafios muito significativos dado que a visão é afetada nomeadamente por questões patológicas com a evolução da idade", alerta Raúl de Sousa, presidente da APLO, que falava no decorrer do 'webinar' 'Cuidados Para a Saúde da Visão e Optometria no Mundo'.

Também presente, Alexandre Classman, do Conselho Regional de Óptica e Optometria do Rio Grande do Sul, destacou o acesso deficitário que continua a caracterizar o país no que respeita a cuidados da visão. "Aqui, temos o SUS, que é o sistema de saúde gratuito onde 99.9% da atividade é exercida por oftalmologistas. Temos um longo caminho a percorrer. Tal como o que acontece em Portugal, também aqui uma pessoa demora entre dois a três anos para ter uma consulta, o que faz com que algumas patologias fiquem pelo caminho cegando centenas de pessoas", disse, indicando existir no Brasil um total de "2000 optometristas e 3.500 Técnicos em Optometria", e no Rio Grande do Sul "230 optometristas e 47 técnicos de optometria".

Por sua vez, Carlos Chacón, da Federação de Optometristas do Equador, referiu que, neste país, existem registados um total de 3235 profissionais de saúde visual, dos quais 1614 são optometristas, para dar resposta a um universo de 18 milhões de habitantes. Com um total de 25 províncias, em Pichincha, onde se encontra a capital do Equador, Quito, 527 optometristas exercem atividade registada. "É iminente que a profissão de optometrista ascenda ao primeiro nível de cuidados de saúde. Aqui, também não estamos integrados no sistema. É importante melhorar e ajustar a lei que existe [desde 1979] e torná-la mais abrangente."

Em representação da Associação Americana de Optometria, Robert Layman destacou que "na América não há um serviço nacional de saúde". A maioria das pessoas recorre a consultórios privados. "O custo elevado de uma consulta é a principal barreira no acesso”, atestou o responsável. Os optometristas são a espinha dorsal da prestação de cuidados para a saúde da visão nos Estados Unidos. O acesso a cuidados para a saúde da visão é generalizado e altamente valorizado", explicou.

No seu discurso, o presidente da APLO, Raúl de Sousa, defendeu ainda que “Portugal não está preparado” para atingir os objetivos estipulados, para 2030, pela Organização Mundial da Saúde, no que concerne a aumentar em 40% a cobertura de erros refrativos e em 30% a cobertura de cirurgia da catarata.

“Não há sensibilização dos próprios cidadãos. Apesar da prevalência elevadíssima e de constituírem os cuidados de saúde de especialidade mais frequentes nos seres humanos, não há uma estratégia nacional, não há planeamento da força de trabalho, nem integração dos cuidados, desde os cuidados de saúde primários até ao nível hospitalar. Não se entende como é que a visão, sendo uma função tão importante, não mereça outro destaque", lamenta.

Globalmente, pelo menos 2,2 mil milhões de pessoas têm uma deficiência visual. Dessas, pelo menos mil milhões têm uma deficiência visual que poderia ter sido evitada ou que ainda não recebeu qualquer assistência.

Leia Também: O grito de alerta dos oftalmologistas sobre 'ladrão silencioso da visão'

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