O risco de complicações obstétricas é três vezes maior em mulheres obesas e aumentam para o dobro as taxas de aborto, o risco de morte fetal e os partos prematuros em comparação com as mulheres que têm um peso considerado normal, alerta a médica ginecologista Catarina Godinho, especialista em medicina de reprodução na Clínica IVI Lisboa.
Em comunicado, a especialista reforça que o peso a mais não só pode levar a complicações acrescidas na gravidez, como a problemas de infertilidade. Além disso, tem impacto na saúde dos filhos. "Sabe-se hoje que a obesidade está relacionada com a diabetes, síndrome do ovário poliquístico, contribui para irregularidades menstruais, anovulação, aborto espontâneo, hipertensão na gravidez, assim como com alterações do crescimento intrauterino e parto pré-termo". Daí que seja recomendável a perda de peso antes de engravidar.
Para melhorar o prognóstico reprodutivo destas mulheres, a especialista recomenda que as mulheres engravidem com o peso mais o próximo possível do seu peso ideal, "uma vez que 30 a 40% das mulheres com obesidade tem dificuldade em engravidar." "É possível reverter um quadro de infertilidade se as futuras mães iniciarem um plano de redução de peso e modificarem hábitos alimentares que possam ser prejudiciais. Além do acompanhamento por um ginecologista devem procurar apoio junto de um especialista em nutrição e realizar exercício físico acompanhado por um treinador físico", explica.
Acrescenta ainda que há estudos que demonstram que o exercício moderado tanto da mulher, como do homem, melhora os resultados dos tratamentos de reprodução assistida.
Tendo em conta que, na maioria dos países europeus, e segundo dados da Organização Mundial da Saúde, cerca de 60% dos adultos está acima do peso ou são obesos, e que a obesidade constitui um gatilho para muitas doenças, onde se inclui a infertilidade, é expectável que cada vez mais mulheres venham a ter problemas de infertilidade.
Além disso, Catarina Godinho lembra que "o ambiente onde se desenvolve o feto condiciona seu desenvolvimento e a sua vida futura". "Os filhos de mães com excesso de peso têm 40% mais probabilidade de vir a sofrer de obesidade e doenças associadas, das quais se destaca a diabetes e problemas cardiovasculares", diz.
Leia Também: Endometriose. "Um dos mitos é o de que é normal ter dor na menstruação"