Dois estudos independentes, realizados com crianças no Reino Unido, que aguardam revisão pelos pares, afastam a suspeita de ligação entre a Covid-19 e os casos recentes de hepatite aguda nos mais novos, que começaram a surgir em outubro do ano passado. Os investigadores da Universidade de Glasgow e do Hospital Great Ormond Street acreditam que estes possam ter resultado da co-infeção de dois tipos de vírus em simultâneo.
As equipas de investigadores detetaram encontraram elevados níveis do vírus adeno-associado 2 (AAV2, na sigla em inglês) em praticamente todas as crianças testadas. Por não ter capacidade de replicar-se sem a ajuda de um vírus auxiliar, os cientistas ponderam a hipótese de co-infecção a partir de dois vírus: o adenovírus, que costuma causar dores de estômago e gripes, e o vírus (AAV2).
Ainda assim, Emma Thomson, uma das autoras do estudo da Universidade de Glasgow, alerta que são necessárias mais evidências para determinar a origem do surto que, desde outubro de 2021, provocou a morte a 18 criança. Além disso, "temos de perceber melhor a circulação sazonal do AAV2, um vírus que não é monitorizado regularmente. Um pico de uma infecção por um adenovírus pode ter coincidido com um pico na exposição ao AAV2, levando a esta manifestação incomum de hepatite em crianças", diz em declarações ao jornal The Guardian.
O estudo da Universidade de Glasgow envolveu nove indivíduos e 58 crianças saudáveis, enquanto a investigação do Hospital Great Ormond Street contou com 28 pacientes, cinco dos quais transplantados ao fígado devido à severidade da doença.
Recorde-se que a Organização Mundial da Saúde não chegou a determinar a causa dos mais de mil casos prováveis de hepatite aguda infantil. Em Portugal, recorde-se que foram registados 19 casos da doença, sem necessidade de transplante hepático.
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