A maioria dos casos de tumores da cabeça e do pescoço têm origem nas superfícies mucosas de diversas áreas destas regiões, como a boca, a garganta, a laringe e o nariz. Alguns destes tumores podem também surgir nas glândulas salivares, nos ossos, nos músculos ou nos nervos, mas são muito menos comuns do que os anteriores.
Estes tumores representam cerca de 6% de todos os cancros e são duas vezes mais comuns nos homens do que nas mulheres e, são em geral diagnosticados com mais frequência em indivíduos com mais de 50 anos.
Quais são os fatores de risco?
O uso em excesso de álcool e de tabaco são os dois fatores de risco mais importantes, especialmente para os tumores da boca, da faringe e da laringe. A infecção pelo papilomavírus humano é um fator de risco para o cancro da amígdala ou da base da língua. Já a infecção pelo vírus Epstein-Barr é um fator de risco bem conhecido para o cancro da nasofaringe.
Eurico Monteiro© CUF
A exposição ao pó de madeira, pó de níquel e outros produtos químicos, são fatores de risco conhecidos para o cancro das cavidades anexas ao nariz, e a exposição ao amianto e a fibras sintéticas tem sido associada ao cancro da laringe, incidência também partilhada com indivíduos que trabalham na indústria metálica, têxtil e cerâmica. Doenças e alguns distúrbios genéticos podem também aumentar o risco de desenvolver tumores em idades mais precoces.
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A que sintomas se deve estar atento?
Os sintomas são múltiplos e podem incluir um caroço no pescoço, uma ferida na boca ou na garganta que não cicatriza e pode ser dolorosa, dificuldade em engolir ou, uma alteração na voz. Outros sintomas podem ser uma mancha branca ou vermelha nas gengivas ou na língua, um crescimento ou inchaço na mandíbula, dor e ou um sangramento incomum pela boca e ou nariz . A presença ou persistência por mais de 15 dias de qualquer um destes sintomas deve motivar a procura de um médico otorrinolaringologista.
Que tratamentos existem?
O tratamento inclui cirurgia, radioterapia, quimioterapia e mais recentemente terapias direcionadas e imunoterapia. O plano de tratamento depende da localização, da extensão da doença, da idade e do estado geral do doente.
O objetivo primário do tratamento é controlar a doença, mas é também preocupação dos médicos preservar ao máximo as funções das áreas afetadas, ajudando assim os doentes a retomar as atividades normais o mais rápido possível. Neste âmbito a reabilitação é uma parte muito importante do processo e depende dos objetivos, da extensão da doença, dos tratamentos efetuados e da colaboração do doente.
A reabilitação pode incluir fisioterapia, aconselhamento dietético, terapia da fala para aprender a cuidar do traqueostoma (incisão na garganta com orifício por onde se respira) ou para aprender a comunicar e deglutir. Alguns doentes podem beneficiar de cirurgia reconstrutiva para corrigir defeitos ósseos ou de tecidos moles. Se a cirurgia reconstrutiva não for possível, podem ser adaptadas próteses para restaurar a aparência estética, a mastigação e a fala.
A importância do acompanhamento regular
O acompanhamento médico regular é muito importante após o tratamento, para diagnosticar precocemente um tumor que recidiva ou metastiza, ou para detectar um segundo tumor frequente em sobreviventes. Para além da observação da boca, nariz, garganta e pescoço pode ser necessário fazer exames de sangue e de imagem para melhor avaliar e caracterizar a situação.
Mais vale prevenir que remediar: consulte regularmente o seu médico e esteja atento a possíveis sinais de alerta.
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