Cerca de um em cada 15 portugueses com mais de 80 anos padece de estenose aórtica, uma das doenças cardíacas mais comuns na população idosa. Os números globais mostram uma prevalência de cerca de 5% a nível mundial, principalmente entre o sexo masculino.
A estenose valvular aórtica caracteriza-se por uma situação em que a válvula aórtica fica progressivamente mais rígida. Desta forma, a sua abertura plena fica comprometida, criando um obstáculo à saída do sangue do coração para o corpo. No entanto, caso esta doença surja em pessoas mais novas, a causa mais usual é um defeito congénito que afeta a válvula, como é o caso de uma válvula com apenas duas cúspides em vez das três habituais ou com uma forma de funil anormal.
As pessoas que desenvolvem esta doença, motivadas por um defeito congénito, podem não apresentar sintomas até à idade adulta. Ainda assim, os principais sintomas associados são aperto no peito (angina) durante o esforço, fadiga, falta de ar e desmaio. Após o início dos sintomas, os doentes com estenose aórtica grave apresentam uma sobrevivência de apenas 50 por cento em dois anos, e de 20%, em cinco anos, caso não substituam a válvula aórtica.
Rui Campante Teles© DR
A estenose aórtica, sendo uma doença grave quando não é detetada atempadamente, aumenta o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou morte. Como tal, identificar e controlar os fatores de risco são práticas importantes. O diagnóstico é realizado através de um exame físico — auscultação — e de um ecocardiograma, sendo este último a melhor opção para avaliar a gravidade da doença. Nas pessoas assintomáticas é ainda aconselhada a realização de um teste de esforço. A deteção precoce da estenose aórtica reduz as admissões hospitalares e representa tempo e qualidade de vida ganhos!
Relativamente ao tratamento mais adequado, a escolha do mesmo é feita através de uma equipa multidisciplinar com médicos de diferentes especialidades, que passa pelo implante de uma nova válvula cardíaca, através de um cateter introduzido por uma artéria (geralmente na virilha), sem necessidade de parar o coração. Esta técnica minimamente invasiva é, para muitos especialistas, o grande avanço da cardiologia dos últimos 20 anos.
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