Segundo uma equipa de investigadores, é muito possível que a exposição à poluição do ar pior, significativamente, os efeitos da infeção por Covid-19, mesmo em pessoas vacinadas.
O estudo, publicado na revista científica American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, baseia-se em descobertas, feitas pela mesma equipa, apresentadas em maio, que ajudaram a estabelecer uma ligação entre a exposição à poluição do ar e a gravidade do vírus.
Para conseguirem perceber os efeitos deste tipo de poluição, em pessoas vacinas, os investigadores analisaram os dados de mais de 50 mil pessoas, com Covid-19, no sul da Califórnia, Estados Unidos. Os participantes testaram positivo em julho ou agosto de 2021, altura em que a Delta era a variante dominante, mas já estavam a ser administradas as vacinas. Depois, compararam os registos de qualidade do ar, recolhidos na área, com os registos médicos dos participantes.
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Graças a isto foi possível perceber que os poluentes atmosféricos, nomeadamente, partículas finas (PM2.5) e dióxido de nitrogénio (NO2), são prejudiciais mesmo em pessoas que foram vacinadas. Concluindo que a exposição a estes dois poluentes, tanto a curto, como a longo prazo, aumentou o risco de hospitalização em até 30%.
Os cientistas perceberam ainda que a longo prazo, a poluição está ligada ao aumento de doenças cardiovasculares e pulmonares, o que por sua vez causa sintomas mais graves de Covid-19. Já a curto prazo, a exposição à poluição do ar pode piorar a inflamação nos pulmões e até alterar a resposta do sistema imunitário ao vírus.
Também foi possível concluir que entre as 30.912 pessoas analisadas que não foram vacinadas, a alta exposição a PM2.5, a curto prazo, aumentou o risco de hospitalizações por Covid-19, em 13%, e a exposição a longo prazo aumentou o risco em 24%.
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Já quando se fala de NO2, a exposição a curto prazo aumentou o risco de hospitalização em 14% e a exposição a longo prazo aumentou o risco em 22%.
Entre pessoas vacinadas este efeito prejudicial é ligeiramente menor. No entanto, Zhanghua Chen, professor na Faculdade de Medicina Keck da Universidade do Sul da Califórnia e um dos autores do estudo, explica, em comunicado, que "essa diferença não é estatisticamente significativa".
Os resultados deste estudo sugerem que, para reduzir os casos graves de Covid-19, é essencial melhorar a qualidade do ar, afirmam os investigadores.
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