Ainda que todas as mulheres acabem por passar pela menopausa, é notório que o assunto ainda continua a ser tabu. Até 2025, haverá mais de mil milhões de mulheres na menopausa em todo o mundo.
Para combater a ideia de que a menopausa são só afrontamentos, a Susanna Unsworth, ginecologista da Intimina e especialista em menopausa e saúde feminina, partilha nesta terça-feira, que assinala o Dia Mundial da Menopausa, um guia através de factos conhecidos e menos conhecidos sobre esta fase da vida das mulheres:
Quais são os aspetos menos conhecidos sobre a menopausa que todas as mulheres devem saber?
Antes de mais, a menopausa pode ocorrer em qualquer idade. Cerca de uma em cada 100 mulheres atravessa a menopausa com menos de 40 anos. E, infelizmente, existem muitas mulheres a serem informadas que são demasiado jovens para estarem na menopausa e, por isso, não lhes é oferecido o apoio devido.
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Em segundo lugar, os sintomas vaginais são muito debilitantes e muitas mulheres não procuram ajuda. Contudo, existem tratamentos hormonais tópicos muito eficazes que podem ser utilizados com segurança por quase todas as mulheres e estão amplamente disponíveis. Os sintomas psicológicos também são muito comuns, mas podem ser mal diagnosticados, levando a que o tratamento oferecido seja desadequado e, erradamente, diagnosticado como problemas de saúde mental como ansiedade, mau humor e perdas de memória.
E, por último, mas não menos importante - existem fatores de risco para cancro da mama mais significativos do que a utilização de Terapêutica Hormonal de Substituição. A THS é frequentemente relacionada de forma negativa aos riscos de cancro da mama. No entanto, beber duas bebidas alcoólicas por dia, por exemplo, apresenta um risco maior e muitas mulheres não têm essa consciência. Ainda mais preocupante é o risco associado à obesidade, que é consideravelmente mais significativo do que o da THS, mas raramente discutido neste contexto.
E, por último, mas não menos importante - existem fatores de risco para cancro da mama mais significativos do que a utilização de Terapêutica Hormonal de Substituição. "A THS é frequentemente relacionada de forma negativa aos riscos de cancro da mama. No entanto, beber duas bebidas alcoólicas por dia, por exemplo, apresenta um risco maior e muitas mulheres não têm essa consciência. Ainda mais preocupante é o risco associado à obesidade, que é consideravelmente mais significativo do que o da THS, mas raramente discutido neste contexto", pode ler-se em comunicado.
As perguntas mais frequentes sobre a menopausa:
Ainda tenho menstruação, os sintomas que tenho podem ser da menopausa?
Embora por definição a menopausa signifique a cessação da menstruação, muitas mulheres podem experienciar sintomas até à confirmação dessa cessação. Isto é conhecido como perimenopausa e pode ocorrer até 10 anos antes da menopausa.
Já ultrapassei a idade para iniciar a THS?
Os riscos de utilização de THS aumentam em mulheres que já estejam na menopausa há mais de 10 anos ou com mais de 60 anos de idade, principalmente devido aos riscos cardiovasculares. Contudo, a utilização de THS ainda pode ser considerada se alguém for muito sintomático, por exemplo, e essa decisão deve ser tomada numa análise de base individual.
Por quanto tempo devo tomar a THS?
Não há uma resposta correta a esta questão. Em média, a maioria das mulheres usa a THS entre três e cinco anos. Contudo, a ginecologista aconselha que a THS seja utilizada enquanto for necessária, desde que os benefícios continuem a superar os riscos. Os riscos da THS começam a aumentar depois dos cinco anos de utilização e aumentam ainda mais à medida que o tempo passa. No entanto, estes riscos geralmente permanecem baixos e algumas mulheres podem continuar com sintomas para além dos cinco anos. Por esse motivo, recomenda-se que a utilização de THS seja revista anualmente e que a decisão de continuar, ou não, seja feita individualmente a cada revisão.
Ainda preciso de usar contraceção?
A Faculdade de Saúde Sexual e Reprodutiva aconselha que, durante a perimenopausa, as mulheres continuem a utilizar uma forma de contraceção até aos 55 anos de idade. Após a menopausa, para mulheres com menos de 50 anos recomenda-se mais dois anos de contraceção e um ano para mulheres com mais de 50.
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A THS atrasa a menopausa ou provoca aumento de peso?
Não. O organismo continua a adaptar-se às alterações naturais na produção de hormonas, apesar de utilizar a THS. Para a maioria das mulheres, o que a THS faz é atenuar os sintomas dessas alterações e, quando interrompem a THS, a maioria dos sintomas já desapareceram. Em relação ao peso, estudos indicam que não há evidências de que a THS cause aumento de peso, ainda assim as alterações são muito comuns da própria menopausa e devem-se principalmente a uma mudança no metabolismo.
Se eu iniciar a THS após a menopausa, o meu período volta?
Se a mulher decidir iniciar a THS após a menopausa, provavelmente ser-lhe-á prescrita uma forma de THS específica para esse caso, em que ambas as hormonas (estrogénio e progesterona) são tomadas todos os dias. Embora haja a possibilidade de alguma hemorragia inicial, esta forma de THS não deve fazer com que retome a menstruação.
Quais são os sintomas menos comuns da menopausa?
Existem mais de 40 sintomas diferentes associados à perimenopausa e à menopausa. Os afrontamentos e suores noturnos (sintomas vasomotores) são provavelmente os mais conhecidos, ainda que, curiosamente, cerca de 30% das mulheres não passe por eles. Na prática clínica de Susanna, há vários sintomas que muitas mulheres desconhecem e que são uma consequência da menopausa.
Dores articulares: muitas mulheres atribuem-no a dores musculares ou problemas de artrite. A primeira abordagem é salientar a importância do exercício físico para ajudar a manter os músculos e ossos saudáveis, mas também garantir uma dieta saudável com uma boa ingestão de proteínas e suplementos.
Alterações dermatológicas: a secura e prurido da pele não são incomuns, mas existe uma condição chamada formicação, menos conhecida, que é descrita como uma sensação de formigueiro sobre a pele. A THS, o uso de cremes, particularmente os que contêm mentol, e os anti-histamínicos podem ajudar a reduzir os sintomas.
Infeções do trato urinário ou cistite: podem ser mais comuns durante a perimenopausa, e devem-se principalmente a uma redução do estrogénio e ao efeito que tem sobre os tecidos à volta da vagina, bexiga e uretra. Isto é conhecido como atrofia vaginal, ou síndrome geniturinária da menopausa, que se pode gerir com tratamentos de estrogénio.
O que mais pode mudar no corpo com a pré-menopausa ou a menopausa?
O vaginismo, que são contrações involuntárias dos músculos da vagina e do períneo e que tornam as relações sexuais dolorosas, o Síndrome geniturinário da menopausa, termo utilizado para os sintomas do trato urinário e genital que desenvolvem consequências como a secura, comichão, relações sexuais dolorosas e um potencial aumento de infeções, e, a libido, geralmente afetada com a menopausa, com muitas mulheres a descreverem a sua redução, juntamente com uma redução na sensibilidade e dificuldade em atingir o orgasmo.
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