Até ao momento, já foram publicados vários estudos onde a relação entre a apneia do sono e demência foi analisada, e o mais recente reforça esta ideia.
A missão do estudo, publicado na Nature Communications, foi tentar entender melhor se a apneia do sono causa efetivamente danos neurológicos. Para fazer esta análise, os investigadores desenvolveram uma técnica, cujo objetivo foi modelar distúrbios respiratórios do sono, em ratos.
Assim, conseguiram replicar as principais características da apneia do sono e investigar os seus efeitos no cérebro, quando não existem outras comorbidades, como doenças cardiovasculares ou diabetes, explica o New Atlas.
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"Desenvolvemos uma nova maneira de induzir a respiração interrompida pelo sono e descobrimos que os ratos apresentavam características patológicas exacerbadas de Alzheimer", explicou a coautora do estudo Elizabeth Coulson, ao portal.
A investigação também comprovou que a hipoxia (baixo teor de oxigénio nos tecidos) - provocada pela apneia do sono - causou a mesma degeneração seletiva de neurónios que, normalmente, é provocada pela demência.
Além disto, os investigadores descobriram que a privação crónica de sono, em ratos, não causava as mesmas características patológicas que este tipo de distúrbio respiratório do sono. No entanto, é importante lembrar, segundo os investigadores, que a privação do sono prejudica a memória.
Assim, a conclusão principal deste estudo é que a apneia do sono é um fator de risco que contribui para o desenvolvimento de Alzheimer.
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No geral, o tratamento mais recomendado, para quem tem apneia do sono, é a utilização de CPAPs (máquinas de terapia de sono), que previne a hipoxia durante o sono.
Não foi possível analisar o seu efeito nos ratos, mas os investigadores conseguiram prevenir a hipoxia experimentalmente e perceberam que fazê-lo interrompeu o "comprometimento cognitivo e a morte do neurónio, além de reduzir a patologia de Alzheimer".
"Isto sugere que o tratamento com CPAP da apneia obstrutiva do sono tem o potencial de reduzir o risco de demência", diz a investigadora.
Os investigadores afirmam que é necessário continuar a estudar esta relação, revelando que os testes em humanos já estão na fase inicial "com médicos do sono em Brisbane e Sydney para determinar a correlação entre hipoxia e comprometimento cognitivo sustentado e se o CPAP pode reduzir o risco de demência”.
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