Em Chaves têm-se instalado produtores de fumeiro ou de agricultura biológica que protagonizam histórias de quem quis mudar de vida e encontram na Feira dos Sabores um palco de divulgação dos produtos e concretizações de negócios.
A Feira dos Sabores realiza-se entre 17 e 19 de fevereiro, em Chaves, e foi apresentada hoje, na aldeia de São Vicente da Raia, numa cozinha regional, onde marcaram também presença produtores que vão participar no certame.
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Ex-investigador e professor de história, em Coimbra, Anísio Saraiva instalou-se com a mulher, Ana, e a filha, Vitória, em Vidago, onde criou o projeto Torrão da Terra, um espaço de agricultura biológica certificada. Esteve em Roma (Itália), trabalhou no Vaticano, e há cinco anos que decidiu mudar de vida e instalar-se no concelho de Chaves.
"Foi uma vontade enorme de largarmos a cidade e vivermos uma vida mais tranquila, mais humanizada no campo", afirmou, explicando que recuperaram o património que tinham em Vidago.
Eram consumidores de produtos biológicos e perante a dificuldade de oferta, esta acabou por ser a aposta da família que, agora, se dedica à horticultura em modo de produção biológica, entrega cabazes entre Chaves e Vila Real e apostou no conceito de "hortoterapia", possibilitando aos visitantes a apanha dos alimentos.
Uma das novidades desta edição da Feira dos Sabores é o 'Canto Bio', onde, pela primeira vez, Anísio Saraiva estará a divulgar o seu projeto.
"Para além do que é o saber tradicional, dos produtos tradicionais, queremos também dar destaque e dar uma atenção particular aos produtos que são feitos em modo de produção biológica e que podem ir desde o mel, ao vinho, à castanha e às hortícolas", afirmou o presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz.
Esta aposta vai ao encontro do projeto que está a ser desenvolvido no Alto Tâmega, no âmbito do qual vai ser criado um centro de investigação ligado à produção biológica.
A cozinha regional de São Vicente da Raia, onde decorreu a apresentação da feira, pertence ao casal Agostinho Fontoura e Catarina Santos, que deixaram há 11 anos o Porto, onde trabalhavam num hipermercado, para se instalaram naquela aldeia que dista "20 minutos de carro" da cidade de Chaves. "Não custa nada, se calhar é mais difícil ir da Areosa ao centro do Porto", apontou Agostinho, 41 anos.
Com a ajuda dos familiares arriscaram e apostaram na agricultura e produção de fumeiro e, segundo garantiu, ganhou "muito" em "qualidade de vida". Em relação à atividade, o produtor queixou-se de dificuldades acrescidas em 2022, com o aumento generalizado dos preços, e deu como exemplo o saco de cereais que comprava por nove euros e, neste momento, está a 16,5 euros.
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Neste inverno vai desmanchar de 15 a 20 porcos para transformar em linguiças, salpicões ou alheiras que vendem localmente e nas feiras mais próximas "A feira de Chaves em termos de divulgação do produto é essencial e as vendas também contam muito", salientou Agostinho Fontoura.
O certame conta com a participação de 60 expositores, 20 dedicados ao fumeiro, representa um investimento de cerca de 120 mil euros, mas, segundo Nuno Chaves, o retorno direto e indireto é de "largas centenas de milhares de euros".
Este é um espaço que se quer, explicou, "interativo, sobretudo para potenciar a divulgação, afirmação, transação e a venda dos produtos", quer seja o fumeiro, os pastéis de Chaves, folar, licores, vinho.
"Nós temos que apostar sobretudo nestes jovens e em quem queira, de facto, manter-se no território, porque eles são absolutamente essenciais para que nós continuemos a ter a paisagem, o território. Esta essência da natureza só se faz com estes obreiros", salientou o autarca.
Esta feira é, para Nuno Vaz, mais um momento de afirmação de Chaves e da "gente que faz" neste concelho.
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