Termina ao meio-dia desta quinta-feira o oxigénio dos passageiros do Titan, o submarino desaparecido, desde 19 de junho, no fundo do Oceano Pacífico, com cinco pessoas a bordo. Os passageiros, agora conhecidos por 'Titan Five' (os 'Cinco do Titan') são o bilionário britânico Hamish Harding, o diretor executivo da OceanGate, Stockton Rush, o veterano da marinha francesa PH Nargeolet e o empresário paquistanês Shahzada Dawood, que viaja com o filho Suleman Dawood, de 19 anos. Tinham o objetivo de observar os destroços do Titanic. Agora, prevê-se que fiquem sem ar.
"Há muitos desafios para a sobrevivência nesta situação, incluindo gases tóxicos, exposição a pressões ambientais elevadas e hipotermia", explica Dale Molé, ex-diretor de medicina submarina da marinha dos Estados Unidos, que publicou, no passado mês de maio, um artigo na revista científica Ciottone’s Disaster Medicine que falava sobre os riscos de acidentes nestas embarcações.
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Dale Molé considera que os desafios psicológicos são os mais difíceis. Ataques de pânico são comuns nesta situação e aumentam não só o consumo de oxigénio, como também as hipóteses de problemas cardíacos, respiratórios ou até mesmo de ataques. "Deve tentar ficar o mais calmo possível e desligar o máximo de equipamentos eletrónicos para economizar a bateria", aconselha.
Há também o risco de intoxicação, como lembra o especialista. "Não é só o risco de acabar o oxigénio que conta. O aumento dos níveis de dióxido de carbono pode ser ainda mais preocupante. É o nível de dióxido de carbono que mata as pessoas quando estão num ambiente hermético, não a ausência de oxigénio", esclarece. Ao respirar o ar intoxicado, o indivíduo pode sentir dores de cabeça e ficar inconsciente.
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O risco de hipotermia deve-se às temperaturas baixas do fundo do oceano. A sensação térmica dentro de uma cápsula de metal, longe da luz, pode ser muito baixa. Os passageiros podem ter tremores e espasmos musculares.
Quanto a um eventual resgate, "ainda que as embarcações tenham equipamento e profissionais adequados para os primeiros socorros, as condições de um resgate marítimo em geral atrasam o transporte que permitiria salvar estas pessoas", alerta.
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