A masturbação é a estimulação dos órgãos sexuais ou zonas erógenas, com uma mão ou outro elemento, para proporcionar prazer sexual. Durante muito tempo, tem sido tratada como um tabu, mas os especialistas asseguram-nos que, além de proporcionar uma sensação de prazer, proporciona inúmeros benefícios para a saúde.
Em comunicado, Megwyn White, diretora de educação da Satisfyer e sexóloga clínica certificada, começa por explica que, na Grécia Antiga, a masturbação era considerada uma atividade normal e saudável, especialmente para os homens mais jovens. Era uma forma de libertar tensão sexual e ajudar os rapazes a descobrirem os seus corpos na preparação para o matrimónio. "Aristóteles acreditava que o prazer era uma parte necessária e natural da vida: o objetivo de todas as atividades humanas. No entanto, ele também acreditava em moderação, equilíbrio e que demasiado prazer poderia levar a excessos e decadência moral", pode ler-se.
Megwyn White© Megwyn White/Satisfyer
Em oposição, os romanos antigos tinham uma perspetiva mais negativa da masturbação. Acreditavam que demasiada masturbação podia causar problemas físicos e mentais e que era um sinal de fraqueza e falta de auto controlo. Era frequentemente associada a escravos e outras pessoas menos abastadas e passou a ser considerada uma prática vergonhosa e imoral.
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As razões específicas que criaram um tabu em torno da masturbação durante séculos variaram de acordo com a cultura e o tempo. Nas culturas judaico-cristãs, por exemplo, era considerado um pecado, pois acreditava-se ser contra o mandamento bíblico de "ser fecundo e multiplicar-se". Na Europa do século XIX, as atitudes face à masturbação tornaram-se mais negativas, devido à influência de códigos de conduta religiosos e morais, bem como à crença de que poderia causar doenças físicas e mentais, e às opiniões conservadoras da Rainha Vitória de Inglaterra.
As teorias psicanalíticas do início do século XX também contribuíram para o tabu em torno da masturbação. Sigmund Freud e outros psicólogos sugeriram que esta prática poderia levar a vários problemas de saúde mental, tais como neurose e psicose. Uma das ideias mais controversas de Freud era o conceito de 'inveja do pénis', que sugeria que as mulheres eram inerentemente inferiores aos homens porque não tinham um pénis. Freud também acreditava que a sexualidade feminina centrada no clitóris era imatura e infantil, e que as mulheres acabariam por ultrapassar o prazer clitorial e desenvolver uma forma madura de sexualidade centrada no sexo vaginal com um parceiro masculino. Isto, claro, acabou por ser desacreditado pela investigação sexual moderna.
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Antes, no século XIX, os médicos costumavam tratar a histeria feminina (chegou a ser um diagnóstico médico comum) tocando manualmente nos clítoris dos pacientes até atingirem o orgasmo. A prática da massagem pélvica exigia muito tempo e esforço físico por parte dos médicos, e acabou por levar ao desenvolvimento de dispositivos mecânicos que podiam reproduzir essa estimulação. Embora tenham sido recentemente encontrados objetos romanos mais rudimentares para masturbação, o primeiro brinquedo sexual mecânico ou vibrador foi inventado no final do século XIX por um médico britânico chamado Joseph Mortimer Granville, que concebeu um dispositivo movido a vapor chamado 'Granville Hammer'. A invenção do vibrador revolucionou o 'tratamento' da histeria feminina, tornando-o mais rápido e mais eficaz. Também levou ao desenvolvimento de vibradores pessoais para uso doméstico.
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No século XXI, o conceito de masturbação tornou-se aceite e desestigmatizado em muitas partes do mundo. As atitudes face à masturbação mudaram e esta é agora considerada uma parte saudável e normal da sexualidade humana. Uma das maiores mudanças foi o aumento da consciencialização e da educação sobre a saúde e o bem-estar sexuais. Com o surgimento da Internet e das redes sociais, as pessoas têm mais acesso do que nunca a informações e conselhos sobre masturbação e saúde sexual. Isto levou a uma maior consciencialização e compreensão dos benefícios e riscos da masturbação, bem como a uma maior variedade de atitudes e crenças sobre a masturbação.
Outra mudança tem sido o reconhecimento da prática como uma forma de autocuidado e amor-próprio. A masturbação é agora vista como uma forma saudável e estimulante de explorar a própria sexualidade, reduzir o stress e melhorar o bem-estar geral. Esta mudança de perspetiva levou a uma maior abertura e aceitação da masturbação como um aspeto positivo da sexualidade humana.
Os brinquedos eróticos têm desempenhado um papel importante no sentido de tornar a masturbação feminina mais visível na esfera pública. "No passado, a sexualidade feminina e a masturbação era frequentemente um assunto tabu e muitas mulheres sentiam-se envergonhadas em falar abertamente sobre o assunto. Contudo, nos últimos anos, os brinquedos sexuais tornaram-se mais acessíveis e populares e ajudaram a quebrar algumas das barreiras para falar sobre a masturbação feminina", diz Megwyn White.
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O que reserva o futuro?
Os avanços tecnológicos, como as ferramentas sensoriais interativas, a realidade virtual e a inteligência artificial, podem revolucionar a forma como abordamos e experienciamos a masturbação. As ferramentas sensoriais, tais como os brinquedos sexuais de alta tecnologia que podem ser controlados remotamente ou responder a comandos de voz, podem aumentar muito o prazer e a espontaneidade das experiências sexuais íntimas a solo.
A tecnologia da realidade virtual poderia recriar ambientes imersivos e interativos para a masturbação, permitindo aos utilizadores explorar os seus desejos e fantasias num espaço seguro e controlado. Isto será especialmente útil para os utilizadores que lutam com a ansiedade e timidez relacionadas com o prazer sexual. A inteligência artificial poderia também ajudar a melhorar as experiências sexuais a solo, fornecendo sugestões e recomendações personalizadas de estimulação sexual com base em preferências, fantasias e comportamentos individuais.
"Pessoalmente, estou também muito inspirada pela possibilidade dos dispositivos de bem-estar sexual serem utilizados como instrumentos médicos, com novos avanços em tecnologias vestíveis capazes de determinar biomarcadores como a variabilidade da frequência cardíaca, temperatura e contrações musculares, todos em sincronização para fornecer informações que podem ajudar a melhorar a função sexual e a melhorar a saúde e o bem-estar", afirma Megwyn. "Além disso, a integração de tecnologias como a terapia da luz, que se revelou eficaz no tratamento de várias disfunções sexuais como a secura vaginal e a dor durante as relações sexuais, será provavelmente integrada em tecnologias de apoio ao bem-estar sexual."
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