O cancro da tiroide tem ganho cada vez mais atenção, nos últimos anos. Afeta mais frequentemente mulheres do que homens e é, segundo o último Registo Oncológico Nacional, o segundo tipo de cancro mais frequente, entre as mulheres.
Este carcinoma pode ser assintomático e desenvolver-se em pessoas que apresentam uma função tiroideia normal. Não existe uma causa específica para o seu aparecimento, pelo que não é possível atuar na prevenção. Há, contudo, fatores de risco, como a exposição a radiações ionizantes a nível da cabeça e pescoço e a história familiar.
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O cancro da tiroide está a aumentar?
De acordo com dados epidemiológicos recentes, a incidência do cancro da tiroide tem mostrado uma tendência de crescimento preocupante, nas últimas décadas. Fatores como a melhoria da deteção precoce, com meios complementares de diagnóstico cada vez mais sofisticados, têm contribuindo para esse aumento. Por outro lado, a pandemia de Covid-19 atrasou muitos diagnósticos, verificando-se agora um aumento significativo de nódulos malignos e de carcinomas já com invasão dos gânglios junto à tiroide.
Ana Alves Rafael© CUF
Apesar disto, há boas notícias! Vale ressaltar que:
- 85 a 90% dos nódulos da tiroide são benignos. A maioria dos cancros da tiroide tem um crescimento muito lento;
- O aumento da incidência do cancro da tiroide não significa, necessariamente, um aumento da mortalidade;
- A taxa de mortalidade por cancro da tiroide é extremamente baixa, com uma sobrevida a rondar os 98% aos cinco anos, para os tipos de tumores menos agressivos e de crescimento lento;
- A maioria dos carcinomas da tiroide tem cura completa através da cirurgia.
A cirurgia desempenha um papel crucial no tratamento do cancro da tiroide. A maioria dos doentes é submetida à remoção de metade da glândula (hemitiroidectomia) e, em alguns casos, da glândula inteira (tiroidectomia total). O objetivo é remover o cancro, mas também preservar a função da tiroide e minimizar os efeitos colaterais.
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Em mãos experientes, a cirurgia é segura, apesar de desafiante, devido às particularidades anatómicas do pescoço. Tratando-se de uma doença na tiroide, há o risco de lesões nas estruturas nervosas ou nas glândulas que a rodeiam (as paratiroides), ainda que numa percentagem muito baixa.
O pós-operatório é praticamente indolor, sendo o internamento hospitalar de curta duração (um a dois dias). O doente pode comer e falar sem restrições, com retorno rápido à vida diária normal, na maioria dos casos. Nos casos em que a tiroide é totalmente removida, é necessário a toma diária de um medicamento, para repor os níveis de hormona tiroideia. Quando os tumores têm determinadas características, pode ainda ser necessário fazer terapêutica complementar com iodo radioativo, decisão que é tomada por uma equipa multidisciplinar.
É, depois, determinante para um bom prognóstico manter uma vigilância ativa e periódica, em especial nos primeiros cinco a dez anos, após cirurgia.
Porque devo consultar o médico?
É fundamental que a população esteja alerta para esta doença e ciente da importância do acompanhamento médico regular, para garantir o tratamento atempado e o melhor prognóstico possível. O cancro da tiroide é uma batalha que pode ser vencida com conhecimento, deteção precoce e tratamento adequado, proporcionando aos doentes a esperança de uma vida saudável, após o diagnóstico.
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