Nem imagina como o estigma menstrual afeta mulheres e jovens

Sabia que 58% das mulheres já se sentiram envergonhadas simplesmente porque estavam menstruadas? A propósito do Dia da Higiene Menstrual, que se assinala a 28 de maio, a Intimina fala da importância de quebrar os estigmas relacionados com a menstruação e explica as consequências negativas para as mulheres de todo o mundo.

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Notícias ao Minuto
21/05/2024 22:04 ‧ 21/05/2024 por Notícias ao Minuto

Lifestyle

Menstruação

'O Benfica joga em casa', 'aqueles dias', 'aquela altura do mês'. Já deu por si a repetir alguns destes 'códigos'? O estigma com a menstruação "tem consequências muito mais nefastas do que pode aparentar", alerta a Intimina.

Refere também que este estigma pode manifestar-se de várias formas, como a falta de acesso a produtos de higiene menstrual, dificuldades financeiras, educação reduzida, falta de trabalho e oportunidades e discriminação verbal. "Mulheres que se sentem envergonhadas, vítimas de abusos verbais e que não têm acesso a produtos menstruais é apenas a ponta do iceberg. Existem muitas mais consequências, profundamente mais negativas, que podem afetar o percurso destas pessoas", vinca.

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Na mesma nota de imprensa, a Intimina afirma que "uma em cada 10 meninas em África falta à escola durante a menstruação, o que corresponde a 10/20% dos dias de escola". "Muitas meninas que frequentam a escola acabam por desistir, de uma forma geral, do ensino, pois começam a reprovar e a ter más notas, incapacitando-as de receber a educação adequada e necessária. Isto pode gerar um maior risco de se tornarem noivas enquanto menores de idade ('child-brides'), ou engravidarem. Para além disso, torna-se mais difícil arranjar trabalho graças ao baixo nível de educação, o que pode resultar em problemas financeiros e outras dificuldades", acrescenta.

"Em países subdesenvolvidos há uma grande falta de acesso a casas de banho adequadas ou água limpa. E apesar disto afetar todos os envolvidos, meninas e mulheres têm um problema acrescido, uma vez que não são capazes de gerir a sua menstruação de forma segura e higiénica." Além disso, "muitos destes países escasseiam em fornecedores de produtos e soluções para a menstruação, dificultando o ato de sair de casa para estas jovens e mulheres. Esta escassez pode ter implicações significativas na saúde física e mental das pessoas afetadas por estas carências". No entanto, mesmo em países mais desenvolvidos, a pobreza menstrual está presente. "Para muitos, escolher entre comida e produtos menstruais é uma realidade e, para outros, ter acesso a estes produtos não é sequer uma opção."

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O Banco Mundial estima que pelo menos 500 milhões de mulheres e jovem por todo o mundo não tenham acesso a produtos básicos para lidar com a menstruação. A UN Women acrescentou também as consequências da pobreza menstrual às suas estatísticas. Concluiu-se que, em 2019, 1.25 mil milhões de mulheres e meninas não têm acesso a casas de banho seguras e privadas e 526 milhões não têm acesso a casas de banho, de todo.

Foi estimado que metade das mulheres com falta de acesso a produtos menstruais e serviços de saúde femininos em certos países subdesenvolvidos têm de usar trapos, relva ou papel durante o período. "Isto é extremamente perigoso e pode causar infeções", avisa a Intimina.

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Para além disso, a mutilação genital feminina ainda é uma realidade em muitos países africanos, o que pode contribuir para graves perigos de saúde. Falemos também de rituais ancestrais realizados em certos países. O Chaupadi, por exemplo, é uma prática das áreas mais rurais do Nepal e envolve jovens e mulheres adultas que são trancadas em barracões durante a menstruação, uma vez que esta é vista como 'um sinal de azar'. Nestes barracões, estas mulheres não têm acesso aos produtos básicos necessários, o que pode gerar uma panóplia de questões de saúde, bem como problemas físicos e psicológicos.

O estigma menstrual pode ter consequências igualmente negativas na forma como uma mulher ou jovem se vê a si própria. Este preconceito pode, por exemplo, gerar decrescentes níveis de bem-estar físico e mental, baixos níveis de satisfação e expetativas sexuais e pode fazê-las sentir socialmente pouco relevantes. 

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"A religião é um campo onde esta discriminação é muito comum. Há um termo tradicional judaico - 'niddah' - que se refere ao ato de uma mulher dormir separada do seu marido durante a menstruação e, no Islamismo, as mulheres são vistas como “impuras” durante o período e são dispensadas das orações", continua a marca. 

Outra agravante são todos os mitos que geram motivos de vergonha e humilhação nos corpos femininos. Um deles, que é bastante comum, é a crença de que o uso de um tampão pode 'tirar a virgindade' a uma jovem.

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Para além do body shaming, o 'period shaming' também é uma realidade, ou seja, a vergonha gerada pela menstruação. Num artigo redigido por Valerie Seibert, de seu nome 'Quase metade das mulheres já experienciaram Period Shaming', é mencionado que 58% das mulheres já se sentiram envergonhadas simplesmente porque estavam menstruadas. "A principal questão em relação ao 'period Shaming' é que impede conversas abertas e honestas nas escolas, em casa, ou nos media sobre este tema e, consequentemente, a aceitação e normalização da menstruação, uma função corporal completamente normal e necessária, e que representa um sinal de saúde."

Para a Intimina é também importante refletir sobre o chamado 'tampon tax'. Em vários países, os produtos menstruais estão enquadrados, na tabela do IVA, como um Luxo ou Item Não-Essencial. Isto torna-os muitos mais caros do que deveriam ser tendo em conta que se tratam, na verdade, de produtos essenciais para a higiene da mulher. Enquanto que muitos países já aboliram o valor acrescentado, ainda se apresenta uma realidade em muitos países.

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