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"Portugal é caso único no que toca a prevalência de perturbações mentais"

Na semana em que se assinalou o Dia Mundial do Cérebro, o Notícias ao Minuto falou com a country manager da Lundbeck em Portugal, Sara Barros. A empresa farmacêutica é especializada em patologias psiquiátricas e neurológicas.

"Portugal é caso único no que toca a prevalência de perturbações mentais"

O Dia Mundial do Cérebro, instituído pela World Federation of Neurology (WFN), em 2014, com o objetivo de alertar para as grandes questões do cérebro e para a importância da sua discussão na qualidade de vida, assinalou-se esta semana, no dia 22 de julho.

 

Dado que a data chama ainda a atenção para a relevância da investigação na área dos medicamentos para as doenças do cérebro, o Notícias ao Minuto falou com a country manager da Lundbeck em Portugal, Sara Barros, para melhor compreender o trabalho que é feito, quais as patologias que merecem maior foco e o que mais pode ser realizado.

De acordo com a Sara Barros, responsável na empresa farmacêutica especializada em patologias psiquiátricas e neurológicas, "Portugal é um caso único, no espaço europeu", sendo que "mais de um quinto dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica (22,9%)".

A country manager da Lundbeck em Portugal considerou ainda que há "um longo caminho a percorrer para atingirmos um sistema de saúde mental mais abrangente e eficaz" no país, mas que "a investigação tem de continuar" para que se possa "desenvolver novos e melhorados tratamentos" e seja possível "fazer a diferença na vida dos doentes e na sua integração na vida ativa".

Queremos contribuir para esta recuperação da população e acrescentar valor

Sendo Portugal o segundo país da Europa com maior prevalência de doenças psiquiátricas, qual a importância da investigação nas doenças do cérebro?

Com o aumento da prevalência das doenças do foro mental na população, ao nível global, mas também ao nível nacional, é cada vez mais importante compreendê-las, de forma a podermos desenvolver terapêuticas mais eficazes. É possível, através da investigação e do desenvolvimento de medicamentos revolucionários nesta área, reforçar a saúde mental e do cérebro e melhorar significativamente a vida das pessoas que sofrem destas patologias.

É com este compromisso que a Lundbeck trabalha diariamente, aperfeiçoando o seu trabalho de investigação com um foco exclusivo nas doenças mentais e do cérebro. Queremos contribuir para esta recuperação da população e acrescentar valor. 

Apostamos numa persecução constante de inovação, em busca de novas respostas e novos tratamentos

Quais é que têm sido as maiores descobertas da Lundbeck sobre o cérebro?

Na Lundbeck, partimos de um princípio fundamental – a procura pelas melhores soluções terapêuticas para a saúde mental e do cérebro das pessoas. Por isso, apostamos numa persecução constante de inovação, em busca de novas respostas e novos tratamentos médicos que efetivamente façam a diferença na vida dos doentes e, consequentemente, que promovam o apoio às famílias.

As inovações terapêuticas que temos colocado no mercado são também um contributo para contrariarmos os estigmas ainda existentes em torno destas doenças. O nosso foco tem incidido em várias áreas desde a depressão, esquizofrenia, enxaqueca, entre outras.

No caso da depressão, desenvolvemos medicamentos que demonstraram não só elevada segurança como eficácia evidente. Para a esquizofrenia, disponibilizamos terapêuticas eficazes no controlo dos sintomas, mas com maior tolerabilidade e segurança e também menos sedativas, o que permite ao doente manter a funcionalidade e, logo, a qualidade de vida e perspetivas de futuro. No caso da enxaqueca, lançámos recentemente um tratamento inovador em termos do paradigma no tratamento desta doença tão incompreendida que permite, acima de tudo, uma prevenção rápida dos sintomas tão incapacitantes. 

É fundamental promover a literacia dos doentes e da sociedade em geral

As questões da saúde mental estão cada vez mais na ordem do dia. Nesse sentido, qual o vosso contributo para minimizar este problema generalizado?

Para além do trabalho em busca de tratamentos inovadores, que nos move diariamente, não perdemos de vista aquela que consideramos ser a nossa missão: lutar contra o estigma e contra crenças estabelecidas, que geram medos, geralmente infundados, que ainda existem relativamente à terapêutica farmacológica para doenças mentais e do cérebro.

É fundamental promover a literacia dos doentes e da sociedade em geral. Combater o estigma é um passo fulcral para o completo sucesso do tratamento. 

Em Portugal, temos dado especial atenção à nova solução terapêutica inovadora na área da enxaqueca

Quais as patologias do foro mental que têm uma maior intervenção e merecem maior foco por parte da Lundbeck? E qual a área de atuação mais significativa da farmacêutica no mercado português? 

Enquanto empresa baseada na ciência, as atividades de investigação de desenvolvimento (I&D) convergem em torno do objetivo de encontrarmos novas formas de tratamento para as doenças mentais e do cérebro.

Ao longo dos anos, temos justamente construído uma ampla plataforma nas áreas da psiquiatria e das neurociências, tendo em vista tratar sintomas de forma mais eficaz, mas também alterar o curso natural das doenças.

Recentemente, em Portugal, temos dado especial atenção à nova solução terapêutica inovadora na área da enxaqueca que, seguramente, irá revolucionar o mercado nacional. Não nos podemos esquecer que esta continua a ser uma doença que afeta entre 12% a 15% da população mundial. 

O nosso foco é ajudar a uma melhor recuperação das pessoas com enxaqueca, depressão, esquizofrenia, entre outras patologias do cérebro. Em parceria com várias entidades, associações de doentes e líderes de opinião, continuamos a evoluir para dar resposta a necessidades médicas não atendidas, mas fulcrais para a recuperação do doente e das suas famílias. 

Estima-se que cerca de dois milhões de portugueses podem estar afetados pela doença que é, na grande maioria das vezes, incapacitante.

Tem uma estimativa de quantas pessoas sofrem de enxaqueca em Portugal?

No caso da enxaqueca, uma das patologias a que nos temos recentemente dedicado, estima-se que 1,3 mil milhões de pessoas sofram desta doença em todo o mundo.

Em Portugal, continua a existir uma desvalorização do impacto desta patologia e das queixas dos doentes. Segundo estudos recentes, estima-se que cerca de dois milhões de portugueses podem estar afetados pela doença que é, na grande maioria das vezes, incapacitante.

No entanto, esta continua a ser uma patologia desvalorizada, apesar das queixas dos doentes afetados pela mesma. Há ainda um longo caminho a percorrer na referenciação dos doentes com esta patologia para as consultas da especialidade e na valorização da própria doença, dos seus sintomas e do impacto que tem na qualidade de vida dos doentes. 

São estas soluções que podem criar uma integração destes doentes na sociedade

Qual a necessidade dos medicamentos que desenvolvem? E qual a sua importância para a qualidade da vida humana?

Trabalhamos diariamente para fornecer novas terapêuticas que redefinam o padrão de cuidado dos doentes e que abordem as necessidades médicas não satisfeitas no tratamento de doenças do cérebro e mentais.

São estas soluções que podem efetivamente fazer a diferença na vida dos doentes, aumentar o apoio às famílias e, consequentemente, criar uma integração destes doentes na sociedade, mais equitativa e justa.

Temos de marcar a diferença para todos os que vivem com doenças psiquiátricas e neurológicas

A procura por medicamentos tem vindo a aumentar? E porquê?

A tendência de perturbações do foro mental e do cérebro é de um aumento. Por isso mesmo, é urgente chegar até às novas gerações, oferecer-lhes opções menos invasivas e com muito menos efeitos adversos do que no passado.

Por exemplo, hoje em dia já não encaramos um diagnóstico de esquizofrenia da mesma forma, mas há ainda muito a ser feito. Temos de marcar a diferença para todos os que vivem com doenças psiquiátricas e neurológicas, permitindo-lhes uma rápida recuperação e uma melhor qualidade de vida. Só assim conseguimos contribuir para a recuperação desta situação que se tem vindo a instalar ao nível global. 

Portugal é um caso único, no espaço europeu, no que toca à prevalência de perturbações mentais

Para que outras patologias é ainda necessário haver investigação para que se chegue à existência de medicamentos? Ainda há muito trabalho a ser feito para dar resposta a todos os problemas (e cada vez mais) que existem?

De acordo com os resultados do estudo epidemiológico nacional sobre saúde mental, realizado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, Portugal é um caso único, no espaço europeu, no que toca à prevalência de perturbações mentais, sendo o segundo país da Europa com a mais elevada prevalência de perturbações psiquiátricas – mais de um quinto dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica (22,9%).

Estamos perante um problema de saúde mental global, no qual se enquadram diferentes patologias, que afetam milhares de portugueses. Por isso, a investigação tem de continuar para que possamos desenvolver novos e melhorados tratamentos e consigamos fazer a diferença na vida dos doentes e na sua integração na vida ativa. 

Mantemos, desde sempre, um compromisso com a consciência social destas doenças

Qual é a missão no combate ao estigma associado às doenças mentais?

Um dos compromissos da Lundbeck tem sido ajudar os doentes a criar novas possibilidades de vida face à doença. No entanto, muitos sofrem não só porque têm um tratamento inadequado, mas também porque são alvo de diferentes formas de discriminação.

Para além do nosso posicionamento enquanto especialistas em doenças mentais e do cérebro, mantemos, desde sempre, um compromisso com a consciência social destas doenças – queremos que o doente consiga recuperar o mais possível a sua vida e reforçamos sempre, em todas as atividades, o quão fundamental é erradicar o estigma, lutar por um diagnóstico precoce e dar ao doente o melhor acesso possível ao tratamento e aos cuidados em geral. 

Temos lançado diversas campanhas, com grande pegada digital, que têm como principais objetivos reduzir o estigma e a desvalorização

Intitulam-se uma empresa farmacêutica completamente focada na saúde mental e do cérebro, com o compromisso de "ir além do comprimido". Que tipo de ações têm levado a cabo diretamente com os doentes e a população?

Temos lançado diversas campanhas, com grande pegada digital, que têm como principais objetivos reduzir o estigma e a desvalorização associados às doenças mentais e do cérebro e alertar para a necessidade de procurar ajuda médica atempadamente.

Desenvolvemos, por exemplo, uma campanha de sensibilização na área da depressão, a que chamámos 'Depressão sem rodeios', que contemplou diversas atividades, entre as quais o lançamento do podcast com o mesmo nome da campanha, o talk-show 'Questionar é elemental', e o inquérito 'A visão dos portugueses sobre a depressão', um estudo que apresentámos e que revelou o que realmente os portugueses sabem e conhecem sobre uma das mais importantes doenças do século, a depressão.

Continuamos a trabalhar neste sentido e lançaremos durante este ano algumas campanhas digitais de sensibilização sobre a enxaqueca, a depressão e esquizofrenia.

Sabemos que temos ainda um longo caminho a percorrer para atingirmos um sistema de saúde mental mais abrangente e eficaz em Portugal

A empresa tem ainda como aspiração "aumentar o acesso à saúde cerebral para os mais vulneráveis". Como tem sido feito esse trabalho e o que mais ainda pode ser feito?

Com a criação da Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental, o Governo português dá continuidade ao investimento em saúde mental através de um plano que pretende demonstrar um compromisso face aos desafios da saúde mental, o seu impacto económico e laboral.

A verdade é que a indústria farmacêutica tem um papel relevante na sociedade e deve investir-se, cada vez mais, de uma permanente preocupação com o doente e com o impacto da doença na sua vida. Sabemos que temos ainda um longo caminho a percorrer para atingirmos um sistema de saúde mental mais abrangente e eficaz em Portugal.

Os doentes, em território nacional, veem muitas vezes o acesso à saúde mental limitado. É, por isso, crucial encontrarmos forma de ultrapassar estes obstáculos e promover uma saúde mental mais acessível a todos. E pensarmos, em conjunto, que medidas coletivas, mas também individuais, podemos tomar para enfrentar estas barreiras e melhorar o nosso compromisso com a sociedade e com o outro.

Leia Também: Como é que o calor afeta o cérebro - e pode torná-lo mais agressivo

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