"A cirurgia robótica com o sistema da Vinci tem comprovado ser uma opção crescente no tratamento do cancro do pulmão, tendo em conta as suas inúmeras vantagens que ajudam os cirurgiões a realizarem procedimentos mais precisos e menos invasivos, com menor trauma para o paciente, redução de dor pós-operatória e recuperação mais rápida", pode ler-se num comunicado da Excelencia Robotica, a propósito do Dia do Cancro do Pulmão, que se assinala esta quinta-feira, 1 de agosto.
Este sistema permite efetuar cirurgia pulmonar através de pequenas incisões, aproximadamente do tamanho da ponta de um dedo. O cirurgião senta-se numa consola, através da qual controla uma câmara e os pequenos instrumentos utilizados para realizar a cirurgia. Os manípulos da consola transmitem os movimentos efetuados pelo cirurgião aos braços do robô e possibilitam uma rotação de 540º, mais do que a mão humana.
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Na mesma nota de imprensa, João Maciel, especialista em cirurgia torácica do Hospital de Santa Marta - ULS São José, dá conta: "A nossa equipa conta com quase 600 cirurgias torácicas realizadas anualmente e regista uma tendência inequívoca de crescimento". "Quanto às intervenções que mais beneficiam de cirurgia com o sistema robótico da Vinci, destacam-se a patologia do mediastino, com indicação para timectomia alargada, e as doenças oncológicas pulmonares."
João Maciel, especialista em cirurgia torácica do Hospital de Santa Marta, e Ana Rita Costa, cirurgiã torácica robótica do Hospital de Santa Marta, ambos da USL São José© Hospital de Santa Marta
Sobre as vantagens da cirurgia assistida com o sistema robótico da Vinci nas doenças oncológicas do pulmão, o especialista realça que, "no cancro do pulmão é fundamental o esvaziamento mediastínico invasivo, que é, decididamente, facilitado pelo sistema robótico da Vinci. O fácil acesso ao mediastino permite uma dissecção mais exaustiva das estações ganglionares o que leva inevitavelmente a um esvaziamento ganglionar mais extenso".
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Por sua vez, Ana Rita Costa, cirurgiã torácica robótica do Hospital de Santa Marta, da USL São José, explica que, "no cancro do pulmão, cirurgias mais complexas como segmentectomias são possíveis e facilitadas com o sistema robótico, permitindo a dissecção e isolamento de estruturas vasculares mais distais, que seriam menos acessíveis por outras técnicas minimamente invasivas".
Quando questionados sobre resultados registados nos pacientes oncológicos intervencionados através de cirurgia robótica assistida com sistema da Vinci, ambos os especialistas concordam queos doentes oncológicos submetidos a Robot-Assisted Thoracic Surgery "apresentam tempos de drenagem torácica mais curtos e, consecutivamente, internamentos hospitalares também mais reduzidos, quando comparados com doentes submetidos ao mesmo procedimento por outras abordagens".
Ana Rita Costa refere também que "todas as ferramentas de que possamos dispor para dar aos nossos doentes uma resposta mais eficaz e eficiente, de acordo com a melhor prática clínica, são bem-vindas". "A robótica é, indubitavelmente, uma tecnologia que os cirurgiões atuais devem acrescentar ao seu arsenal terapêutico, pois tudo indica que, quando devidamente utilizada e em doentes selecionados, tem benefício clínico."
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