Pílula do dia seguinte vs pílula abortiva. Saiba tudo sobre ambas

A melhor forma de evitar uma gravidez indesejada é usar métodos contracetivos regulares, mas na falta ou na falha desses as mulheres ainda podem recorrer a duas opções: a pílula do dia seguinte e a pílula abortiva. Sabe em que é que consiste cada uma e o que é que as distingue?

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Vânia Marinho
10/07/2017 08:30 ‧ 10/07/2017 por Vânia Marinho

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A pílula do dia seguinte atrasa a ovulação e assim impede a gravidez, e a pílula abortiva interrompe uma gravidez já confirmada, que por opção da mulher pode ser ‘tomada’ até às 10 semanas de gestação.

Para tentar esclarecer melhor em que é que consiste cada ‘pílula’, como se distinguem e em que momentos é que se deve recorrer a cada uma, o Lifestyle ao Minuto falou com a Dra. Ema Paulino, presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Farmacêuticos.

A especialista começa por explicar que a pílula do dia seguinte deve ser tomada quando há relações sexuais desprotegidas ou se houve alguma falha no método contracetivo – como o preservativo romper-se ou a mulher esquecer-se de tomar a pílula em algum momento do ciclo. Destaca: “O que a pílula do dia seguinte faz é inibir ou atrasar a ovulação. Como não há a libertação do óvulo, não se dá o seu encontro com o espermatozoide e, portanto, não ocorre uma gravidez.”

A perita lembra que a pílula do dia seguinte não atua quando já houve ovulação. “Ou seja, se o óvulo já foi libertado da trompa, tomar a pílula do dia seguinte pode não inibir a ocorrência da gravidez. Portanto, a pílula do dia seguinte não é abortiva. O seu mecanismo de ação é mesmo o de prevenir o encontro do óvulo com o espermatozoide.”

Já quando há uma gravidez confirmada, para a travar utiliza-se a pílula abortiva, um procedimento de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) legal e praticado em serviços de saúde nacionais autorizados desde 2007.

As substâncias destas pílulas são completamente diferentes. No caso da pílula do dia seguinte existe o levonorgestrel e acetato de ulipristal – o primeiro tem uma ação até 72 horas, pode ser tomado até três dias depois da relação sexual desprotegida, o segundo pode ir até aos cinco dias. Quando tomada, a pílula do dia seguinte atrasa a ovulação nessa janela de dias.

No caso da pílula abortiva, na realidade são utilizadas duas substâncias. A Dra. Ema Paulino explica que primeiro é tomada uma substância, a mifepristona, que no fundo vai provocar a interrupção na gravidez e depois usa-se o misoprostol, que é aplicado por via vaginal 24 horas depois da toma da primeira substância, e que provoca contrações uterinas de modo a que o saco embrionário seja expulso do útero. É a ação combinada dessas duas substâncias que provoca a interrupção da gravidez.

No que toca à dispensa, enquanto a pílula do dia seguinte pode ser comprada nas farmácias sem receita médica (desde 2000) e até nos locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (no caso do levonogestrel é desde 2005), a pílula abortiva – cuja comercialização exclusiva em meio hospitalar foi aprovada em julho de 2007 pelo Infarmed – só é disponibilizada nos centros de saúde públicos e privados autorizados para praticar a interrupção voluntária da gravidez. Portanto, só são administrados nos serviços de saúde.

Ema Paulino adverte que tanto no caso da toma da pílula do dia seguinte como da pílula abortiva, a mulher deve ser aconselhada. “É preciso informar e educar as pessoas para utilização de métodos contracetivos regulares, mas também para a pílula do dia seguinte, antes de ter de chegar à pílula abortiva, que acaba por ser uma experiência mais traumática.”

Entre os efeitos da pílula abortiva estão sintomas como dor, sangramento, náuseas, vómitos. Este é, portanto, um método que além de mais traumático para a mulher pode ser mais agressivo para o organismo. Por comparação, a pílula do dia seguinte pode provocar sintomas como dores de cabeça, náuseas, vómitos, tensão mamária e dor pélvica, mas são “raros e transitórios”.

A farmacêutica destaca ainda alguns mitos que é urgente combater. “Um deles está relacionado com a perceção de que a contraceção oral de emergência é uma ‘bomba hormonal’ que vai desregular os ciclos menstruais. Embora a utilização da contraceção de emergência possa alterar a menstruação no ciclo em que é tomada, o ciclo regressa ao seu padrão regular logo no mês seguinte.”

Outro mito, aponta, é o de que não se pode tomar contraceção oral de emergência duas vezes no mesmo ciclo. É possível fazê-lo, desde que a mulher não esteja já grávida, apesar de que é muito mais seguro pensar num método contracetivo regular, porque é mais eficaz. E ainda o mito de que tanto a pílula do dia seguinte como a pílula abortiva podem afetar a fertilidade da mulher, sublinhando que está provado que “nenhuma delas afeta a fertilidade, porque não há interferência com o processo de ovulação.”

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